tag:blogger.com,1999:blog-67021079237202680082024-03-13T05:36:02.292-07:00Mãe-solteira recém-casadaOs registros de uma mãe aprendendo a ser esposaMarinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.comBlogger107125tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-75133502599466728562021-10-29T06:38:00.000-07:002021-10-29T06:38:12.292-07:00Por um triz<p class="MsoNormal">Hugo, </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em breve completaremos dez anos
desde que você se foi. Pego-me com o mesmo espanto de quando completei dez anos
de vida, contemplando a exorbitância dos dez dedos nas duas mãos.
Parece que foi outro dia que eu deixei os cinquenta reais debaixo do santo da
vó para te ajudar com a gasolina. Você disse que não precisava e eu insisti porque sabia da sua luta naqueles dias. Nosso último encontro.</p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De lá para cá muita coisa mudou
na minha vida. Recuperei e fortaleci a minha fé, por exemplo. Olhar para a cova é limitado
demais, uma hora acabei preferindo me virar para o céu, que comportou melhor a
extensão dos meus sentimentos. </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mergulhei fundo nessa coisa do luto, sem saber que voltaria de
lá com tantos ganhos. A dor da finitude nos apresenta uma honestidade viciante;
tenho lapidado um comprometimento com a minha verdade que às vezes me
constrange diante de situações que demandam dissimulação. Mas não me importo
sempre com isso porque acho que mais vale a relação que a gente tem com a gente mesmo. A dor nos ensina nossos limites, nossas
necessidades, nossas curas... além de colocar todo o resto sob uma nova
perspectiva. Tenho me conhecido mais e aprendido a buscar o melhor
para mim, como você sempre disse que devia ser. </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Também foi nos mergulhos do luto
que encontrei pessoas inspiradoras, que me possibilitaram a publicação de um
livro. Você ia gostar de ter me visto no rádio, na internet, na tv, no jornal. Tem
sido tão incrível viver essa experiência... ela também faz parte da minha
verdade. Tenho recebido mensagens de leitores que me mostram a verdade deles
também. O luto tem uma beleza que eu ainda nem sei medir, “pena que dói”. </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Samuel chegou quando você estava
indo, talvez vocês tenham se esbarrado no caminho. É muito esquisito pensar que
você não esteve aqui esse tempo todo, vendo ele crescer. Outro dia tive o
ímpeto de procurar uma foto de vocês dois juntos, esquecida dessa
impossibilidade. Às vezes penso que a saudade tem uma força tão grande que vira
presença. Quase parece que você esteve nos aniversários, nos natais, na mesa
redonda da cozinha... a fotografia não acontece por um triz.<br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Seria tão bom se você estivesse realmente
por aqui, para eu também poder contemplar a sua vida nesses dez anos.
A morte prematura é mesmo uma m*rda, mas já que não tem remédio para trazer
você de volta, fico aqui com esse exercício de tentar ver o copo meio cheio, de
jogar açúcar nessa limonada azeda, que é a saudade que eu tenho de você.<br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-61fNPsydNio/YXv1tpfKMsI/AAAAAAAABro/kA3EnbC_pz4y6KAGvYju501GxHGhzdVhwCLcBGAsYHQ/s909/por%2Bum%2Btriz.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="909" data-original-width="740" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-61fNPsydNio/YXv1tpfKMsI/AAAAAAAABro/kA3EnbC_pz4y6KAGvYju501GxHGhzdVhwCLcBGAsYHQ/w261-h320/por%2Bum%2Btriz.jpg" width="261" /> </a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><i>*ilustração: Joanna Concejo (joannaconcejo.blogspot.com) </i></span><br /></div><p></p>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-71598826040234050142020-05-13T08:19:00.000-07:002020-05-13T08:19:30.669-07:00Nos limites da aldeia
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Hoje
assisti um filme cuja trama se passa na idade média, com dilemas de um rei,
decapitações injustas em praça pública e longas cenas de violência em campos de
batalha. Enquanto cabeças rolavam me detive num pensamento estranho, que venho
colocar sobre o papel na tentativa de comprová-lo ou, quem sabe, de
abandoná-lo. Os pensamentos estão sempre povoando minha cabeça, mas só aqueles
que conseguem se deitar sobre o papel são dignos de palavra. O papel branco e
inquisidor.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Enquanto cabeças rolavam tive vontade de ter
nascido na idade média. Queria habitar uma aldeia e saber do mundo afora só
aquilo que fosse capaz de testemunhar andando com minhas próprias pernas.
Enraizada num espaço, conheceria suas pessoas, as boas e as ruins. Conheceria
também as paisagens, as árvores, a vegetação, o curso do rio. Tudo me seria
familiar de uma mesma forma: o vizinho, o bezerro, a alfazema.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Com pouca notícia para circular num espaço
limitado, entre séculos de estagnação, ficaria atenta às notícias do vento.
Leria as nuvens, a lua, o gemido dos bichos, a umidade da terra. As novidades,
ora de vida, ora de morte, seriam recebidas com igual solenidade. Enquanto
alguém adoecia numa casa, um broto rompia a terra do lado de fora. Tudo seria
inquestionável como a sucessão das estações. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O tempo rastejante traria uma beleza diferente para
todas as coisas. Das ovelhas criadas no pasto, a lã. Da lã, o tecido. Do tecido, a costura. Da costura, a saia vestida que se alisa pacientemente com a
palma da mão. Mão que sova o pão, feito do trigo plantado, moído no moinho
erguido por outras mãos. Mãos que tecem, que sovam, que aram, que constroem.
Mãos sujas e feridas pela escassez. Tudo tão parte de tudo. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Queria sentir os pequenos prazeres, como o de concluir
que as pedras que ergueram minhas paredes foram bem encaixadas. O prazer de ter
um móvel ornado e acompanhar seus vincos com a ponta dos dedos. O prazer de
livrar as roupas da lama, raramente. O prazer de varrer o chão batido, de
pentear a terra como quem pinta um quadro. O prazer de ver a água ferver, de
sentir o vapor queimando as bochechas. O prazer de colocar o alimento sobre a
mesa, dentro do prato, dentro da boca. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Digo isso tudo sem nenhum conhecimento de causa. Da
idade média só sei absurdos, mas enquanto as cabeças rolavam senti uma pontada
de inveja. Rendi-me a insensatez desse pensamento antes que o medo me
impedisse. O medo de dar corpo ao que penso. O medo de pensar errado, de
ser incoerente, de ser má interpretada. O medo de ser politicamente incorreta.
O medo de ser injusta. O medo de me posicionar politicamente. O medo de falar
do que eu não sei, do que não li suficientemente a respeito. O medo de não ter
esgotado as bibliografias, de deixar brechas, de tocar onde não se deve. O medo
de me expor. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quem tem coragem de dizer o que sente quando o
mundo inteiro é seu potencial espectador? Quem ousa sentir na inquisição das
redes sociais onde cabeças rolam todos os dias?</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-_FD7rcL6N10/XrwOpzBDkoI/AAAAAAAABXs/QlLYeQ2iS6sS0qkkCB4-zm5-UiqJB8wKwCK4BGAsYHg/fornasettimoves_9_yatzer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="401" data-original-width="714" src="https://1.bp.blogspot.com/-_FD7rcL6N10/XrwOpzBDkoI/AAAAAAAABXs/QlLYeQ2iS6sS0qkkCB4-zm5-UiqJB8wKwCK4BGAsYHg/s320/fornasettimoves_9_yatzer.jpg" width="320" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><font size="1"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">*Imagem de Fornasetti Moves, disponível em www.yatzer.com.</span></i></font><br /><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><a href="http://www.yatzer.com/Fornasetti-Moves-by-Detour-Design" rel="nofollow" target="_blank"></a></span></p>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-19978807696249052602017-01-18T10:03:00.003-08:002017-01-18T10:07:54.109-08:00Na cidade grande.<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"></span>De
férias no interior, o telefone toca. É a dona do salão da esquina, pedindo para
remarcar o horário do corte de cabelo do meu filho. A chuva está forte demais
para o cabeleireiro sair de casa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu
digo que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tudo bem</i>, porque o salão é
na esquina e porque são férias. A chuva cai sem culpa e todos se reorganizam
sem contestação. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na
cidade grande a natureza não tem vez. Chuva forte é sinônimo de transtorno, dos
leves aos gravíssimos, sem nunca significar reorganização da agenda. Que as
casas desabem, que os carros flutuem... a multidão segue obediente no
cumprimento das obrigações, contestando apenas a impertinência da chuva. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na
maior cidade do país, o que faz “o galo cantar” é o imperioso relógio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>São os ponteiros que regem as pessoas,
ordenando que uns acordem e que outros durmam. Não tem isso de estar claro ou
escuro, porque o sol não tem moral nenhuma na capital. É com permanente susto
que olho para o relógio, redondo ao alto, e me dou conta de que é mais tarde do
que imaginava. Sempre é mais tarde do que imaginava. Desaprendi a olhar para o céu e ver o fim
do dia se anunciando em tons de vermelho. Não sei se é porque minha janela não
tem vista para o céu. Não sei se é porque os prédios estabelecem outra linha de
horizonte. Talvez não haja mesmo pôr do sol em tons de vermelho na cidade grande. O dia só acaba
quando o relógio decide, seja dia ou noite.
Corre-se para a cama calculando o que restará de sono até “o dia” seguinte, não
como quem finalmente se permite o descanso, mas como quem cumpre um último
compromisso diário. Horas depois, são os números na tela do celular que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">deixam claro</i> que é hora de acordar. </div>
<br />
Aqui no
interior a chuva continua caindo. Escuto a chuva, vejo a chuva, sinto o cheiro da
chuva.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Lá na cidade grande, quando
suspeito a chuva saio na janela para ter certeza, mas olho em direção à rua
e nunca ao céu. É a presença dos guarda chuvas lá em baixo que me garantem a
meteorologia, e não a fúria dos céus. A arrogância dos homens...<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Num
ato de transgressão, comecei a fazer crochê. Não para me distrair, como muitos
dizem. Era questão de necessidade. Necessidade vital de estabelecer uma relação diferente
com o passar das horas. Descobri o tempo da trama que vai crescendo inutilmente,
ponto a ponto, e não segundo a segundo. O trabalho incalculável,
injustificável e insensato que só duas mãos limitadas são capazes de cumprir. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É
com satisfação e rebeldia que me cubro à noite com a manta tecida por mim.
Aqueço-me das horas roubadas e coloridas, na cidade grande. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-Guin0f1pWuI/WH-twDqtdaI/AAAAAAAABF4/Biuyen1-ktARvI_wfkM5u-9BvAt9GblGwCLcB/s1600/20161022_224624.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-Guin0f1pWuI/WH-twDqtdaI/AAAAAAAABF4/Biuyen1-ktARvI_wfkM5u-9BvAt9GblGwCLcB/s320/20161022_224624.jpg" width="180" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Para Juliane Pugliese. <3 i=""></3></i></span></div>
</div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-7735018074153765822015-12-02T04:06:00.000-08:002015-12-02T04:48:12.916-08:00Excesso de bagagem<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Precisa-se de férias
urgentemente. Encerrar os compromissos do ano concluindo o que foi possível e
dando por vencido o que não foi. Quando as contas a pagar, os quilos a perder,
as compras a fazer, os prazos a vencer baterem à minha porta vão encontrar
apenas uma placa onde se lê: “fui viajar”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Procura-se um destino longe. De
preferência onde não haja sinal de telefone. Nem wi-fi. Assim poderei
desconectar os cabos plugados em minha aorta e ver no que dá. Ou morte ou
alívio na pressão arterial, suponho. Quem sabe um país onde sejam proibidos
aparelhos eletrônicos em geral, mesmo em modo avião. Meus registros não mais se limitarão à
memória do meu celular e eu poderei viver quantas experiências couberem no meu
dia e na minha disposição.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Necessita-se viver experiências
de liberdade. Livre dos conselhos de quem já esteve ali e supostamente sabe o
que vale e o que não vale a pena fazer. Livre para perder todas as atrações
imperdíveis. Livre da necessidade de afirmar para o mundo como sou feliz, em
poses manjadas com filtro. Livre inclusive para não viver experiência nenhuma,
se calhar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Deseja-se que este destino
abrigue uma cultura avessa, onde os meus padrões de comportamento sejam desengessados
logo no desembarque. Ou, quem sabe, um lugar onde não haja padrões aos quais
se adaptar. Que seu povo tenha idioma indecifrável, de maneira que eu não
entenda a reclamação do taxista, nem a grosseria da recepcionista, nem a lamúria
do pedinte, se ali houver essas pessoas. Uma barreira linguística que também me
impeça de reclamar, de ser grosseira, de me lamentar. Talvez uma cultura sem
povo e ficamos resolvidos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Almeja-se um destino cujo visto
de entrada só seja dado àqueles dispostos a abandonarem suas bagagens, os
supérfluos de que ilusoriamente somos constituídos. Despida, neste lugar sem
celular (nem wi-fi, loja, ponto-turístico, cultura, idioma ou povo), não me
restará nada a fazer além de flutuar à deriva da minha própria existência, como
um bebê na simbiose do útero materno. Recobrirei meus instintos mais
primitivos, reconciliar-me-ei com minha natureza e deixarei apenas o tempo
agir, como nunca deixou de fazer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Procura-se.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-iurX6fHB2zc/Vl7dhqkPeHI/AAAAAAAABE8/FnCjjJLSzDk/s1600/6a00e54fcf7385883401b7c74afaf8970b-800wi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="217" src="http://2.bp.blogspot.com/-iurX6fHB2zc/Vl7dhqkPeHI/AAAAAAAABE8/FnCjjJLSzDk/s320/6a00e54fcf7385883401b7c74afaf8970b-800wi.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: x-small;">*Ilustração: Sulamith Wulfing</span></i></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-57957909114561797122015-05-27T12:54:00.000-07:002015-05-27T13:04:48.692-07:00Por que viajantes são melhores seres humanos<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Viajar é uma prática enriquecedora.
Fato. Não importa a alta do dólar ou da temporada, o saldo final de qualquer
viagem é sempre positivo. O viajante regressa de um destino carregado de
conhecimentos históricos, artísticos, políticos, gastronômicos e linguísticos
que fazem valer o maior dos investimentos. Se fosse possível pesar toda a “cultura”
que se traz de uma viagem, o excesso de bagagem seria certeiro. Isso em si já
configura um “upgrade” na existência de qualquer ser humano. Mas há outro benefício
em viajar que vai além do acúmulo de repertório, algo que modifica o homem e
sua maneira de estar no mundo. Quem viaja encarna, ainda que provisoriamente,
um ser incrível: interessado, paciente, livre de preconceitos e amoroso. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O mesmo indivíduo que vai para o
aeroporto excomungando o trânsito e dando pontapés na própria mala, aterrissa do
outro lado já incorporado pelo maravilhoso espírito de viajante. Arrasta a mala
pelo metrô, pelos paralelepípedos, pela areia, escada acima... tudo sem reclames.
É como se recebesse uma dose cavalar de energia, mesmo depois de horas
intermináveis dentro de um avião. Afinal, ele já está <i>quase lá</i>, no destino almejado, e há muito com o que se ocupar além da
mala. O viajante se compromete a apreciar todas as imagens que aparecem pelo itinerário, a começar pelos carros do congestionamento na saída do aeroporto. Dos
pontos turísticos aos mendigos nas ruas, tudo merece ser olhado com atenção e,
se possível, fotografado. A consciência do “diferente” lubrifica as pálpebras,
ajusta os graus, limpa da lente ocular os pré-conceitos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há uma enorme beleza para ser admirada
no cotidiano alheio, os viajantes de corpo e alma crêem. As crianças indo para a escola, os homens de negócio nas
avenidas, as mulheres cansadas no metrô. O viajante sente desejo de conversar
com todas essas personagens estrangeiras, embora raramente o faça, seja por
timidez ou falta de recurso. Então distribui sorrisos gratuitos e, quando
recebe uma piscadela de volta, sente-se como um infiltrado naquele excitante mundo
novo. O viajante procura estabelecer essas conexões arriscando um diálogo onde
quer que a oportunidade apareça: na porta do elevador, na fila do fast food, no banco da praça. Para tal, ele logo se ocupa em aprender as
palavrinhas mágicas no idioma do país que visita. Já no primeiro dia está fluente no “por favor”,
“obrigado”, “desculpe-me”, “bom dia” e “boa noite” e procura usar esse
vocabulário com determinação, pois adora brincar que faz parte do lugar a que
não pertence. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Determinação”, na verdade, é o
segundo nome do viajante. Ele costuma ter metas bem definidas de lugares a se
visitar. Não importa que tenha que atravessar meia cidade, escalar uma montanha,
pegar duas balsas e subir 837 degraus. Cada gota de suor significa maior
proximidade da chance de tirar aquela foto-fetiche que ficará
para posteridade. A alegria do viajante aumenta proporcionalmente à sua
canseira. Ele chega ao fim de cada dia absolutamente exaurido, com bolhas nos
pés, e feliz. Haja otimismo! Aliás, tá aí uma coisa que não falta ao viajante:
a capacidade de ver o lado bom de tudo. Ele debocha de si mesmo o tempo todo: pega
o trem errado e tem uma crise de riso, toma chuva e posa pra foto molhado, fica
perdido e tira uma selfie olhando com cara de interrogação para o mapa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É mesmo uma pena que o espírito
de viajante desencarna em território nacional, despedindo-se logo ali,
nas esteiras onde as bagagens demoram tempo demais para aparecer. Que bom seria
se conseguíssemos nos manter encarnados, com a mesma disposição para percorrermos
nossos caminhos de cada dia. Que interessante seria permanecer com os olhos
abertos, enxergando a beleza de tudo o que nos cerca. Que estimulante seria
correr atrás dos nossos objetivos rindo das nossas próprias falhas nos obstáculos que nos separam da
vitória. Que incrível seria se usássemos as palavrinhas mágicas e
distribuíssemos sorrisos excessivamente. Que lindas seriam nossas relações
afetivas, se nunca deixássemos de tentar estabelecer conexões, ainda que
faltassem palavras para tal. Que ótimo seria para nós, todos de passagem
nesta vida, se permanecêssemos constantemente abertos para o novo e maravilhados pelo fato de sermos diferentes. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-INylFXn6cOM/VWYYlJuPbII/AAAAAAAABEU/_yzma9FXI0w/s1600/tumblr_m04nlujFCU1qz4d4bo1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-INylFXn6cOM/VWYYlJuPbII/AAAAAAAABEU/_yzma9FXI0w/s320/tumblr_m04nlujFCU1qz4d4bo1_500.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Para os meus amigos que nasceram turistas no planeta Terra.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br />
<!--3--></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-50761525509955003572015-02-20T03:12:00.000-08:002015-02-20T04:33:29.215-08:00FRATERNIDADE INTERROMPIDA<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 150%; text-align: justify;"><b>A
mulher que perde o marido fica viúva. O filho que perde os pais fica órfão. A
mãe que perde o filho fica algo que palavra nenhuma consegue traduzir. E como
fica quem perde o único irmão?</b></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Perceber-se
sozinho no galho da árvore genealógica trouxe, primeiramente, um vazio
enorme. Minha família obedecia aos
padrões da época: meus pais se casaram e tiveram um casal de filhos, assim como
a maioria das pessoas. Sendo a filha caçula, nasci imersa na condição de
compartilhamento. Aliás, antes mesmo de nascer, já crescia num útero que não
era minha casa própria, mas lar herdado do irmão mais velho. Fui amamentada em seio já calejado, dormi em
berço de segunda mão. Meus pais sempre foram <i>nossos</i> pais. Dividíamos o
mesmo teto, o mesmo colo, a mesma sobremesa. Meus livros de escola sempre tinham
sido dele. Eu aceitava as minhas metades com contentamento, porque não sabia o
que era ter inteiros.</span><o:p></o:p></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Mesmo
quando ganhei um quarto só meu, com móveis planejados e tudo o mais, preferi
continuar compartilhando o quarto com meu irmão. À noite, deitada na cama ao
seu lado, olhávamos para as estrelas fluorescentes pregadas no teto. Meu pai
teve o cuidado de distribuir a mesma quantidade de estrelas nas metades do
quarto. Do meu lado, só eu tinha a Lua. Mas do lado de lá, só ele tinha
Saturno. Um dia, depois de uma briga cujo motivo eu não lembraria dois dias
depois, Hugo pegou uma chave de fenda e desmontou minha cama. Quando cheguei no
quarto vi um amontoado de madeiras encostado na parede e uma pilha de parafusos
espalhados pelo chão. Ele queria ser inteiro e eu não sabia o que ser sem ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Desde
minha estreia na vida ele esteve presente. A construção dos meus interesses e
opiniões se sucedeu à fala dele, categorizando o que era chato e o que era
legal. Apesar de nossas personalidades diferentes, eu sabia quais escolhas Hugo
aprovaria e quais outras ele condenaria. Obedeci à sua tirania silenciosa sem
me sentir vassala, porque ele era parte de mim, como uma consciência pousada
sob o ombro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Ainda
hoje, em dias de saudade, enxugo minhas lágrimas porque sei que ele as
repreenderia. Diria, sem paciência, para eu largar de frescura. Engulo o choro
com a mesma determinação de criança, quando eu apertava o passo para poder
caminhar ao lado dele. Embora eu jamais quisesse decepcioná-lo, porém, há dias
em que me deixo aproveitar da sua ausência e choro sem censuras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Se
por um lado continuo ouvindo os ecos daquela personalidade, por outro fico
carente de sua fala. Os assuntos que eram comuns a nós dois passaram a ser só
meus. Não escuto mais a sua voz desdenhando nossos problemas familiares e então
fico sem saber medir a gravidade das situações. Antes, diante de um drama
materno, ele tinha o dom de acabar com todas as minhas preocupações dizendo
algo como “Deixa pra lá, você sabe com a mãe é exagerada”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Só
o Hugo compartilhava a minha história. Só ele teve o mesmo pai que eu tive. Só
ele teve a mesma mãe. Só ele viveu nos mesmos lugares e épocas em que eu vivi.
Só ele recebeu a mesma educação que eu recebi. Só ele conhecia os ritmos da
nossa casa, os afetos da nossa família. De todas as pessoas que habitaram,
habitam ou habitarão este planeta, só ele poderia entender a minha história
partindo do mesmo ponto de vista, embora tivéssemos percepções diferentes das
mesmas paisagens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">No
primeiro mês depois de sua partida, sonhei que estava na frente de um colégio,
de mochila nas costas e fichário na mão. Ficava na ponta dos pés tentando
localizar meu irmão no meio da multidão de alunos. Procurava, procurava e
procurava, sem encontrá-lo jamais. Excelente metáfora que meu inconsciente
encontrou para reproduzir o que meu coração não sabia expressar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Eu,
sempre tímida, encarei os desafios da vida sem dramas porque tinha o meu irmão
mais velho sempre ao lado. Primeiro dia de aula, escola nova, festas de
aniversário de pessoas desconhecidas... nada me abalava porque tinha sua
companhia garantida. Ele, extrovertido, fazia amigos por nós dois. Enquanto ele
me excluía das brincadeiras dizendo que eu era café-com-leite, eu recebia suas
privações de bom grado, como um ser frágil que se vê protegido publicamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Agora
estava diante do mais grave drama familiar e sentia a necessidade da sua
presença para me ajudar a resolver tantas questões. Queria vê-lo agir, para
também saber como lidar com a dor dos meus pais. Queria sentir sua firmeza para
tratar de todas as questões burocráticas que se faziam necessárias. Queria
saber, eu mesma, que rumo dar à minha vida... Tantas vezes obedeci aos impulsos
de ir até o quarto dele, ou de discar seu número de telefone, para logo em
seguida me lembrar de que era a sua própria morte a causadora de todas as
minhas aflições.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Nestes
instantes de súbita consciência da falta, sentia-me como se fosse violentamente
empurrada de um precipício e caísse em queda livre. Como é difícil ser privado
de esperanças! Não havia nada para me consolar. Não havia notícia que eu
pudesse esperar, nem milagres a desejar. O fato estava consumado e não poderia
ser pior. Eu estava só, segurando firmemente a linha arrebentada daquela
fraternidade interrompida.</span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";"><o:p></o:p></span>(2013)</div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-rfwE0OvKeJw/VOcPvdKAAFI/AAAAAAAABD0/0e8x3iFgnvc/s1600/fraterno.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-rfwE0OvKeJw/VOcPvdKAAFI/AAAAAAAABD0/0e8x3iFgnvc/s1600/fraterno.jpg" height="243" width="320" /></a></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-53741797462267103152015-01-24T06:33:00.000-08:002015-02-04T08:44:53.344-08:00O luto e o tempo<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: left;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 150%; text-align: justify;">Um ano. Quem já perdeu alguém diz
que o luto precisa conhecer as quatro estações antes de afrouxar suas rédeas. É
necessário conhecer a vida na ausência do outro: aniversários, Natal, ano novo,
dia dos pais, dia das mães... Só depois de um ano o coração desiste de esperar
pela volta daquele que foi e, então, parte por outras buscas.</span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Dias de ansiedade antecediam as
datas festivas. Minha dor era "maior que o mundo", mas era mais fraca que o tempo
que continuava a trazer novos dias. Junto com eles, vinham as lembranças ainda
recentes de um tempo em que éramos completos. <i>Ano passado ele me deu tal
presente. Ano passado ele estava em tal lugar. Ano passado comemoramos de tal
maneira.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif";"> </span></i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Depois de trezentos e sessenta e cinco rodopios em
volta do próprio eixo, completávamos a grande volta solar e chegávamos, enfim,
àquele mesmo ponto espacial. A disposição dos astros nos devolvia a gravidade
de outrora anunciando o seu primeiro aniversário de morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">A todo instante eu olhava no
relógio e experimentava um certo alívio. 12:00. Ele ainda estava vivo. <i>Como
será que ele se sentia aquele dia? O que ele comeu naquele último café da
manhã? </i>12:45. Ele ainda estava trabalhando. <i>Quais planos ele tinha para
a empresa? </i>13:00. Ele ainda estava em casa. <i>Quais foram os últimos
objetos que ele tocou antes de sair de casa?</i> 14:00. Ele estava se
preparando para viajar. <i>Será que ele pressentiu qualquer coisa? Será que
sentiu alguma angústia ao sair de casa? </i>14:30. Ele estava com os amigos. <i>Ele
amava os amigos. Ele estava feliz. </i>14:55. Ele estava viajando. <i>Não vá,
meu irmão. Escute-me! Não siga viagem! </i>15:00.<i> (…)</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">15:01. O ano estava concluído. À
minha volta a mesma ausência presente, a mesma dor impregnada nas paredes, a
mesma saudade exalando dos objetos. Hugo acabava de morrer novamente na minha
lembrança sem que eu nada pudesse fazer para impedi-lo. Ainda estava muito
longe de superar. Não dava para aceitar. Mas era hora de começar a acreditar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">No dia seguinte acordei com o
coração mais leve, com uma repentina disposição para iniciar o novo ciclo que
se estendia à minha frente, com novos desafios e diferentes propósitos. O
desejo de trazê-lo de volta cedeu lugar, naturalmente, ao desejo de aceitá-lo
distante. Desejo de fazer as pazes com a realidade que ele deixou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Isso não é dizer que a dor
passou. Nem que a dor abrandou. A morte do meu irmão continua sendo igualmente
terrível e não acredito que será diferente nos próximos anos. Apenas me
acostumei com sua ardência, assim como os casais que, ao compartilharem uma
vida inteira sob o mesmo teto, passam a não se comover e nem se perturbar com a
presença um do outro, embora saibam-se lado a lado. A dor habita todos os
lugares em que eu esteja. Mas ao contrário do início de nosso trágico relacionamento,
ela já me permite realizar minhas pequenas ações cotidianas sem pranto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Antes dos 365 dias, quando
vivia um instante de alegria – porque sim, momentos alegres continuaram
acontecendo apesar de tudo - eu logo
estranhava os músculos da face abrindo num sorriso raro. Ao experimentar os
hormônios da felicidade fazendo cócegas pelas minhas veias eu esquecia da
tristeza, ainda que por uma fração de segundos. Impulsionada pelo estranhamento
eu logo me perguntava <i>por que é que eu estava triste mesmo? </i>Então eu
lembrava. Lembrava e me surpreendia novamente com a tragicidade da notícia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Não poderia numerar quantas
vezes a mesma notícia me pegou de surpresa. Noite passada sonhei que o via
abrir os olhos. Eu dava pulos de alegria e mal conseguia gritar para os meus
pais que o Hugo estava vivo novamente. Acordei e me
deparei com a realidade inabalada. Hugo continuava morto. Pega de surpresa
novamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Ao contrário dos primeiros
meses, porém, suportei as contrações do meu coração sem fazer brotar lágrimas.
Levantei da cama e fiz tudo o que tinha que fazer, embora lembrasse daquele
movimento de pálpebras abrindo a cada instante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Antes eu talvez não conseguisse
me levantar. Nem tampar a fonte das lágrimas. Antes, se eu lembrasse da morte
do Hugo enquanto caminhava na rua, por exemplo, meu passo ficava mais lento, a
espinha curvada para o chão, como se me caísse sobre os ombros uma imensa carga
pesada. Durante muito tempo tive a sensação de ter morcegos com os dentes
cravados em meu pescoço, sugando meu sangue e me tirando as forças para
realizar o mais simples movimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Mas depois do primeiro ano
ficou diferente. Os sustos acontecem da mesma maneira, mas a dor ficou menos
pesada. Passou a caber dentro de mim. Hoje a dor é mais silenciosa, mais
íntima. Hoje a dor tem mais respeito por mim, permite-me muitos instantes de
alegria sempre ascendente, alegria não interrompida. Hoje tenho, inclusive,
medo da dor passar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Sofrer a falta do meu irmão é a
maneira de tê-lo presente em minha vida.
É como se houvesse um espaço vago constantemente a me lembrar da sua
ausência. Porém, é sofrendo a ausência que o tenho por perto. Deixar de sentir
sua falta seria perder nosso último elo, um elo chamado <i>saudade</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Porque não me bastaria lembrar
do meu irmão somente diante de um retrato. Não quero a “saudade boa”, de que as
pessoas tanto falam. Quero a saudade latente, essa que me acorda os sentidos,
que acelera o coração e aquece o sangue. Quero, como na noite passada, vê-lo
abrir os olhos detalhadamente, com a nitidez que só a falta dolorosa é capaz de
criar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";">Para manter a saudade forte,
alimento a falta com frequência. Aproveito meus instantes de solidão para me
machucar com lembranças bonitas. Torturo-me com fotos, com vídeos, com objetos.
Rezo. E choro, pela tristeza de não tê-lo mais. Mas choro, também, pela alegria
de tê-lo sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 150%;">(2013)</span></div>
<br />
<div class="Standard" style="line-height: 150%; margin-top: 8.5pt; tab-stops: 51.45pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif";"> </span><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Vc4b8s6F8Zg/VMOszuU6dFI/AAAAAAAABDM/rMrpd_QUy7M/s1600/saudade%2Bclara%2Bgavilan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Vc4b8s6F8Zg/VMOszuU6dFI/AAAAAAAABDM/rMrpd_QUy7M/s1600/saudade%2Bclara%2Bgavilan.jpg" height="294" width="320" /></a></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">*ilustração <a href="http://claragavilan.com.br/blog/">Clara Gavilan</a></span></i></div>
<o:p></o:p>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-82029207099970577272014-05-19T11:53:00.003-07:002014-05-19T11:55:27.625-07:00Valores<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Não me considero uma pessoa politizada. Admito acompanhar apenas superficialmente o que acontece no cenário político nacional e raramente expresso minha opinião sobre o assunto, apesar de cumprir com minhas obrigações eleitorais de maneira – espero - consciente. Talvez por ser casada com um cientista político, aprendi o quanto é fácil cair na armadilha das generalizações partidárias, do julgamento sem fundamentação real, das manipulações midiáticas. Acabei assumindo uma postura um tanto contemplativa: prefiro digerir as informações sobre o que acontece no palácio do planalto no aconchego de mim mesma. Até porque não gosto de polêmicas.</div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Mas hoje resolvi dar meu grito, embora minhas críticas não sejam exclusivamente aos políticos.</div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Eis que ontem escuto um grupo de mães – classe média alta paulistana – conversando sobre táticas de como furar filas na Disney. As estratégias faziam valer dos excelentes recursos que os parques criaram para atender visitantes com necessidades especiais (deficientes, pessoas com problemas de saúde, ou acompanhados de bebês e idosos, por exemplo). Uma delas ainda sugeriu que, caso algum funcionário do parque pedisse comprovação das limitações alegadas, bastava engrossar a voz. Segundo ela, americanos morrem de medo de processos e preferem sempre evitar conflitos com os clientes. Fiquei imaginando, cá com meus botões, o orgulho das crianças ao olharem com admiração para aquelas mães super espertas, capazes de economizar horas e horas de filas pelo bem da diversão familiar...</div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O episódio me fez lembrar a polêmica Rosely Sayão que apontou, em certa palestra sobre “filhos e internet” a questão da censura no <em style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Facebook</em>. A maioria da plateia mostrou-se surpresa ao saber que a rede social é vetada para menores de 13 anos, até porque grande parte daqueles pais tinha filhos de idades inferiores conectados ao “fêice”. O debate seguiu caloroso sobre os riscos da internet e a mudança de comportamento que a exposição virtual vem causando nos jovens, sobretudo na questão da falha no julgamento do que deve ser público ou privado. Alguns pais, muito incomodados com o dedo no nariz que a psicóloga apontou naquela noite, defenderam sua postura permissiva alegando acompanhar os passos dos filhos na internet (ãham). Então Rosely tocou numa questão crucial, que à primeira vista parecia ser acessória: quando permitimos que nossos filhos mintam o ano de nascimento para fazer um cadastro no <em style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Facebook</em> estamos dizendo: aqui existe essa regra, mas não há nada demais em ignorá-la.</div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
E os exemplos são muitos. A faixa de pedestre está lá na frente e a gente só quer ir ali, no banco que fica no meio do quarteirão. Não tem problema atravessar. O restaurante está distribuindo uma bexiga por cliente, mas tem um monte sobrando e ninguém está tomando conta. Pega duas. Pega três. Criança até cinco anos não paga. Você tem seis, mas ninguém vai perceber, passa logo por debaixo da catraca. Esse filme não é pra sua idade, mas que bobagem, isso é filme de criança sim. Vamos pedir um refrigerante só. Aqui tem refil e você toma comigo. Não pode beber, mas tenho um amigo que faz uma identidade falsa perfeita. Bebi, mas foi só um pouco, não tem problema dirigir. Se tiver blitz eu posso me negar a soprar o bafômetro. Putz, atropelei alguém. Arranquei um braço, mas ninguém viu, joga ali no rio. Isso é proibido, mas é bom, fuma aí. Cheira aí. Ô autoridade, toma aqui uma grana para a cervejinha. Livra a minha barra, parceria? A merenda custa 100 reais, mas ninguém confere, coloca aí que ela custa 300. O dinheiro é público, mas tem tanto, ninguém vai notar se eu colocar um bocado aqui na minha conta.</div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Quem já comprou meia entrada sem ter carteira de estudante certamente ficará ofendido ao ser incluído na laia dos políticos corruptos. Acontece que a falha, nos dois casos, é exatamente a mesma: falta de honestidade. Não é honesto quem deixa de devolver o troco que veio a mais da mesmíssima forma que não é honesto quem superfatura uma obra pública.</div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Enfrentar uma fila não faz de você uma pessoa otária, mas sim honesta! E ser honesto é uma coisa boa, acreditem. Até porque um dia você poderá estar naquela mesma fila, com um bebê pesado no colo ou setenta anos nas costas e precisará – de verdade – do atendimento preferencial. Não importa que ninguém esteja vendo em que fila você vai entrar, não interessa se não há controle, se não há câmeras registrando seu ato falho. O que importa é que você estará fazendo a coisa certa e que seu filho, acompanhando todos os seus movimentos com um brilho nos olhos, poderá, um dia, ser o presidente do Brasil que a gente tanto quer.</div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-_7MFY9MuQLQ/U3pSttG2F_I/AAAAAAAABCk/pX5P3GFrDls/s1600/Kid-president-20-things-you-should-say-more-often.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-_7MFY9MuQLQ/U3pSttG2F_I/AAAAAAAABCk/pX5P3GFrDls/s1600/Kid-president-20-things-you-should-say-more-often.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-size: xx-small;"><i>*Texto originalmente publicado no <a href="http://minhamaequedisse.com/2013/10/valores/">Minha Mãe que Disse</a>, em outubro de 2013.</i></span></div>
<div style="border: 0px; color: #555555; font-family: 'Droid Sans', Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20.149999618530273px; margin-bottom: 20px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-83879403483905737342014-05-10T17:24:00.000-07:002014-05-13T09:58:21.733-07:00Minha vó<div style="text-align: justify;">
Minha vó é um <i>encanto</i> de pessoa. Há quem diga que foram os netos que amansaram a Dona Therezinha. Testemunhas oculares garantem que ela foi uma mãe ponta firme, sem paciência para frescuras e dona de uma psicologia do terror impiedosa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Meus tios e minha mãe hoje riem, embora com algumas sequelas, ao contar dos medos da infância incentivados pela própria mãe. Dona Therezinha sempre contava com a ajuda de um "homem do saco" ou de uma "mula sem cabeça" para fazer as crianças irem logo para cama. Se no meio da noite algum filho viesse incomodá-la, ainda com medo das ameaças fantásticas, ela logo cortava o chororô: "Deixa de ser <i>mentecapto</i> que essas coisas não existem".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nem sei se acredito nesses testemunhos, porque a Vó Therezinha que eu conheço sempre foi muito diferente disso. Coisa boa era dormir no quarto dela, as férias inteiras. Ela preparava os colchões com os lençóis estampados do "Amar é" que até hoje existem, apenas com alguns remendos. Os travesseiros eram ela mesma quem fazia, com paina vinda não sei de onde e fronhas costuradas na sua máquina de pedal. Na bainha ela marcava as nossas iniciais à caneta, que era para ninguém inventar de usar o que tinha sido feito especialmente para nós, os netos. Antes de dormir ela sempre rezava e falava do anjo da guarda e o resto da noite era regida pelo seu ronco suave e ritmado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vaidade nunca foi o forte da minha mãe. Culpa da matriarca, ela reclama, que vestia qualquer roupa que servisse nos filhos, não importava se o conjunto <i>ornasse</i> ou não. Era botinha para endireitar o pé com vestido colorido e pronto. Cabelo comprido era o sonho da minha tia, cujas madeixas eram mantidas sempre bem curtas, com franjinha no meio da testa, para evitar nó e piolho. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Minha vó e eu, porém, nunca tivemos esse tipo de <i>contrariedade</i>: somos <i>cordatas.</i> Todas as férias ela pegava uma pilha de revistas Manequim e deixava eu escolher o modelo que eu quisesse. Mais gostoso ainda era escolher as estampas entre os quilômetros de tecido que ela armazena no guarda roupa junto com milhares de novelos de lã, usados para tecer <i>agasalhos</i>. Isso sem mencionar as tranças embutidas que só ela sabe fazer enquanto elogia o <i>colosso</i> de cabelo que eu tive a sorte de ter. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sorte mesmo é receber um elogio dela. Está aí uma coisa que parece nunca ter mudado: Dona Therezinha só diz o que pensa. Você nunca ouvirá dela algo que foi dito "só para agradar". Se alguém liga feliz para contar de uma gravidez, por exemplo, ela reage sem pudores: "Ah... coitada..." Isso porque sabe dos sacrifícios que só um filho pode exigir da vida de uma mulher. Se depois a mãe ainda tem a coragem de vir trazer o bebê para minha vó conhecer, corre o risco de ouvir um "Que coisa <i>medonha</i>!", ou então testemunhar um silêncio com uma sobrancelha arqueada - que é mais ou menos a mesma coisa. Ela é pura honestidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que eu sei é que eu morro de admiração pela minha vó. Ela sabe de todas as coisas da cidade, da TV, da natureza e da vida. Não sei como consegue, de dentro da sua casa de sempre, sintonizar de tal forma com o mundo todo. Às vezes acho que ela guarda uma bola de cristal no armário. Armário este fechado à sete chaves, que só espio de vez em quando e enxergo um universo dentro. Ela diz que a gente só vai mexer ali quando ela morrer, então a gente controla o desejo e a curiosidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O armário é apenas um dos seus mistérios. Dona Therezinha tem hábitos de feiticeira. Pra qualquer sintoma ela vai no<i> terreiro</i> e volta com um punhado de folhas para um chá milagroso. Tem receita para tudo, até para dor de cotovelo. Tem jeito para atrair passarinho e para espantar bicho indesejado. Tem novena para conseguir o que quer que seja e uma simpatia infalível para encontrar objetos perdidos que deixa São Longuinho no chinelo. Na hora de ir embora das férias ela sempre fica de pé na calçada, entoando suas rezas baixinho e envolvendo o nosso carro com a energia protetora dos seus santos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ela sempre sabe o que <i>convém</i> e o que não <i>convém</i> nessa vida e eu não hesito em pedir seus conselhos. Tão bom é poder conversar com ela, principalmente sentadas na mesa da cozinha, eternamente posta. Se ela foi uma mãe durona, eu não sei. O que eu sei é que minha vó é a melhor que eu poderia ter. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-WG5qLOViPaU/U27C78-0q0I/AAAAAAAABCI/E-q10mrzGlk/s1600/amar+%C3%A9+092.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-WG5qLOViPaU/U27C78-0q0I/AAAAAAAABCI/E-q10mrzGlk/s1600/amar+%C3%A9+092.jpg" height="320" width="216" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-19383754172694946892014-02-28T09:32:00.000-08:002014-02-28T09:52:35.896-08:00Papo de doido<div style="text-align: justify;">
A maternidade é um estado de loucura. De acordo com o novo pai dos burros, Sr. Wikipédia, loucura é uma "condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados anormais pela sociedade". Pois bem, a condição materna nos tira dos trilhos socialmente aceitáveis. Fato. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não bastasse todas as mudanças físicas - o quadril que alarga, os peitos que caem, a pele que cede - a gente fica meio tãn-tãn da cabeça. É como se passássemos a obedecer uma nova lógica de pensamento, algo cem por cento comprometido com a função de mãe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro dia transbordei minha xícara de café enquanto adicionava açúcar contando a cada colherada: "Trinta. Sessenta. Noventa. Cento e vinte. Cento e cinquenta. Cento e oitenta. Duzentos e dez". Exatamente a medida para a mamadeira do meu caçula. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No restaurante, depois da pizza, meu marido pediu um creme de papaia de sobremesa e eu automaticamente procurei uma fralda suja para trocar. Porque (né?) assim que seu bebê entra na fase das frutinhas cocô passa a cheirar mamão e vice-versa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É uma sintonia louca... um estado de alerta que não desliga nem na hora de dormir. O que não significa que a gente não durma um sono pesado. A canseira é tanta que dois segundos depois de cair na cama você já está em estado alfa de relaxamento. Podem usar uma britadeira no andar de cima que você não acorda. Mas basta seu filho dar uma suspirada no quarto dele e você já está de pé. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sei que essa insanidade toda exaure. Uma amiga, de tão feliz que estava porque o filho finalmente havia dormido, me fez um interurbano só para dizer - toda satisfeita - que ia fazer um cocô bem tranquila. Escatologias, aliás, são recorrentes na fala materna. Coisa de doido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de dez anos sintonizada vinha sentindo uma necessidade extrema de mudar de estação, de brincar de normal em algum lugar. Longe, de preferência. Longe o suficiente para meu cérebro não liberar doses de adrenalina toda vez que ouvisse um choro de criança. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aproveito uma oportunidade e vou à agência de turismo. Destino decidido, quero esse voo aqui. "Mas senhora", diz a agente, "por cem dólares você pode fazer um voo direto que reduz sete horas do tempo total da viagem". Não, minha querida, você não está entendendo. Me dê uma escala em Sidney, se possível.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Imagine que "céu" alguém chegar e te dizer: senta aí e fica. Bonitinha. Sentadinha. Pode ouvir uma música, pode escolher um filme (o último lançamento que você viu no cinema provavelmente estará na sessão dos clássicos), pode jogar tetris e pode dormir. A gente traz sua comida, sua aguinha e uma venda de olhos, se precisar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Durante o voo a coisa mais séria que vão exigir de você é uma decisão entre "coke" e "orange juice". Algo absolutamente razoável para uma mente insana. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-5tSK_anCn0A/UxDIjTngJwI/AAAAAAAABBA/a-zbYPAOO6o/s1600/momsmallkids.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-5tSK_anCn0A/UxDIjTngJwI/AAAAAAAABBA/a-zbYPAOO6o/s1600/momsmallkids.jpg" height="224" width="320" /></a></div>
<br /></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-40478287076584884972014-02-08T07:56:00.001-08:002014-02-09T16:05:05.665-08:00Férias de verdade<div style="text-align: justify;">
Todo fim de ano eu quase cruzo aquela linha tênue entre a sanidade e a loucura. Depois de um ano inteiro de compromisso sucedendo compromisso e um relógio rápido no ponteiro, entro na inércia da tensão. Mesmo deitada para dormir sinto o coração acelerado, com uma sensação crônica de que tenho algo para fazer - e com urgência! A isso se junta a obrigação dos presentes de natal, as provas finais das crianças, o décimo terceiro para acertar, os exames de rotina para fazer e aquela arrumação geral nos armários que jurei não postergar outra vez. Não fosse o calendário estar por uma folha e o ano novo gritando sua promessa de recomeço, eu endoidava na certa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Finalmente de férias, parto com marido e filhos para Minas Gerais, onde mora nossa família. Ufa! Hora de relaxar... Mas não sem antes visitar todos os tios, avós, primos de primeiro, segundo e terceiro grau e agregados. Os meus e os dele. Antes mesmo de abrir os olhos pela manhã já há uma trupe de avós ansiosos pela presença dos netos, aguardando a nossa anunciação dos planos do dia. É preciso fazer escalas justas entre a casa de um e de outro, intercalando com os almoços e cafés com os amigos que a gente queria tanto encontrar. Uma semana e já começo a achar a antiga rotina do ano quase um resort. Estou exausta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma vez cumprido todos os deveres da espécie sócius-familiris, arrumo novamente minhas malas e vou, com as crias, para o apartamento no interior de São Paulo. Cidade tranquila de águas termais, com uma praça linda onde se compra pipoca e o melhor bolo de milho que já existiu. Meia duzia de lojinhas, dois bons restaurantes e só. No prédio, onde além do meu pequeno clã estavam minha mãe e minha avó, uma piscina impecavelmente limpa e de água aquecida. Em outras palavras: o paraíso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Guardei o relógio no fundo da mala e me dei conta de ter esquecido - involuntariamente, juro! - meu carregador de celular em Minas. Quase incomunicável vou me esquecendo que o mundo é grande e habitado por muita gente. Meu universo vai se reduzindo aos poucos metros que separam nosso apartamento da piscina. Acordo todos os dias para nadar e volto para dormir. Não por obrigação, como acontece quando se paga caro pela diária de um hotel e nos sentimos obrigados a usufruir da área de lazer mesmo preferindo ficar na cama lendo um livro - mas como se essa fosse minha natureza animal, um ritual diário que cumpro inconscientemente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entre minha avó, minha mãe e eu, encontro a simbiose perfeita. Convivemos com poucas palavras porque a maior parte da comunicação é adivinhada. Não há a necessidade de explicar nada, porque tudo já é sabido entre a gente. Não é necessário pisar em ovos nem medir palavras, ainda que o assunto seja sério. Nossa relação é tão sólida que permite divergências à vontade. Nossa afinidade é corporal, coisa de quem já habitou o útero uma da outra. Como planetas em órbita, nos movimentamos em perfeita harmonia. Uma cozinha, a outra lava as louças, a outra arruma as camas... sem que nada precise ser combinado. Somos a própria combinação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vinte e um dia depois é hora de voltar. Hora de encontrar as roupas já acomodadas nas gavetas e estiradas no varal. Hora de esquecer do biquini e de dizer até logo. O privilégio de se viver tanto amor cobra caro na hora da despedida. Se não for até as próximas férias, digo que nos vemos "do lado de lá". Humor negro que a gente sempre usa para abrandar o medo que temos de nos separar definitivamente. Volto pra casa bronzeada, vivendo os dias mais pelo sol e pela lua que pelos números que o relógio mostra. Coração tranquilo pronto para o tal recomeço, depois dessas férias de verdade. <span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-WhAROgkW_30/UvZTbp3eQzI/AAAAAAAAA_o/6884qdhhTno/s1600/photo+2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-WhAROgkW_30/UvZTbp3eQzI/AAAAAAAAA_o/6884qdhhTno/s1600/photo+2.JPG" height="320" width="240" /></a><a href="http://3.bp.blogspot.com/-JR3KGA4WcH8/UvZTa4e_i9I/AAAAAAAAA_g/d4xOyrieVuk/s1600/photo+1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-JR3KGA4WcH8/UvZTa4e_i9I/AAAAAAAAA_g/d4xOyrieVuk/s1600/photo+1.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-t_amxaDexaM/UvZTb-S2Q2I/AAAAAAAAA_s/frUFkMLFn58/s1600/photo+3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-t_amxaDexaM/UvZTb-S2Q2I/AAAAAAAAA_s/frUFkMLFn58/s1600/photo+3.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-4074925053695377042013-10-02T17:29:00.002-07:002013-10-02T17:30:08.280-07:00Tietagem tardia<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda que dez anos depois, pude
facilmente reconhecer aquele nome na tela de computador, entre mil e um
anúncios culturais. Minha banda favorita estaria de volta em território
nacional depois de um longo período longe dos holofotes. Coração disparado bombeou para mente
deliciosas recordações adolescentes: o cheiro da caneta metálica (quem lembra?)
com que eu decorava as pastas de fotos e matérias da banda, os micro detalhes
das capas de CD que eu admirava sem cansar, o sentimento de orgulho quando algum clipe ficava em primeiro
lugar no disk MTV. Sem falar, é claro, dos muitos e muitos sonhos tecidos pela
minha mente imatura e desocupada. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os
tempos agora eram outros. Formada, casada e mãe (não necessariamente nesta
ordem), tinha responsabilidades o suficiente para não conseguir ouvir sequer uma
música do início ao fim. Tinha a
certeza, porém, que merecia um último esforço de tietagem. Afinal, foram anos a
fio de sonhos não concretizados, centenas de reais gastos com caríssimas
revistas importadas, noites inteiras em claro baixando as raras e pesadas fotos
na internet (que a gente só podia conectar entre meia noite e seis da manhã).
Eu sempre soube que era a fã número um e me contorcia de ciúmes quando via
pseudo-fãs conhecendo a banda pessoalmente em programas de televisão no meu lugar. Agora era
a minha vez.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Estava
diante da chance de realizar aquele sonho adolescente e fechar com chave
de ouro, ainda que tardiamente, este capítulo da minha vida: tinha o dinheiro
para comprar o melhor lugar da platéia; estava morando em São Paulo e poderia
acompanhar todos os passos da banda com total domínio de território. Além do
que, depois de tantos anos, a banda não estava mais em evidência e a
concorrência não seria tão acirrada como da primeira vez. <i>(Parênteses para
falar do primeiro show no Brasil: depois de um dia inteiro na fila os portões se
abriram para poucos milhares de meninas enfurecidas. Praticamente um estouro de
boiada, com várias vítimas pelo caminho. Segurança local não dá conta, chega
polícia militar para tentar colocar a ordem no recinto. No meio da multidão,
era possível tirar os pés do chão sem cair. Se você entrasse com os braços para
baixo, colados ao corpo, assim eles ficariam até o fim do show. A pressão era
tanta que sentia minhas costelas se entrelaçar, como duas mãos de dedos
cruzados. Achei, em diversos momentos, que iria morrer. Ou esmagada. Ou de alegria).
</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Poucos
dias depois me deparo com um teste positivo para gravidez. Dois, três, quatro,
cinco, seis, sete... Estaria com sete meses no dia do show. Sete meses significava barriga grande.
Significava, também, uma fã com dor nas costas lá no fim da platéia, assistindo
ao show pelo telão. E lá se foram, mais uma vez, meus planos de fã número um
por água abaixo. Tentei disfarçar a decepção, porque sempre tive noção do
ridículo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os
meses se passaram em total dedicação ao bebê que se preparava para estrear no
palco da minha vida. Meu futuro pop star, de quem eu seria fã incondicional e
eterna. O dia do show enfim chegou e eu, já conformada, decidi chegar só com uma hora de antecedência. Queria evitar filas e tumultos, já que minha intenção de lugar seria
pouco disputada e que o bem estar do meu bebê estava em jogo. Durante o dia fui acompanhando as notícias de mulheres (sim,
mulheres supostamente maduras, as tais pseudo-fãs) que foram ao aeroporto, à
churrascaria, à porta do hotel acompanhar a banda. E eu sofrendo apenas algumas contrações no
coração. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Marido
e eu seguimos civilizadamente para o show, antes deixando nossa filha com uma
amiga caridosa. Ah, e o bebê, é claro, dentro da minha barriga redonda, com
sete meses de formação. Chegando ao local me deparo com uma cena inesperada: a fila dava
voltas no quarteirão de forma que eu não conseguia achar o fim. Abordo a
primeira pessoa uniformizada que vejo pela frente e eis que
este indivíduo me fala, com a maior simplicidade do mundo: “Os portões vão
abrir agora, pode passar aqui porque você é preferencial.”</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Calma
lá. Preferencial? Eu? EU? Despeço do marido sem conseguir pronunciar uma palavra e entro de
pernas bambas pela porta da casa de shows deixando para trás uma multidão de mulheres
contorcidas de inveja. (Rá!) Lá dentro encontro uma paz enorme. O salão vazio ecoava
os movimentos dos <i>roadies</i> que faziam
os últimos ajustes no palco, tão maravilhoso como uma miragem no
deserto. Antes que os portões se abrissem e eu tivesse que fugir com meu bebê para o fim do salão, fui até a barra do <i>gargarejo</i> e fechei meus olhos, imaginando o quanto
seria emocionante assistir o show dali, o lugar mais cobiçado por todos. “Moça? Pode vir”,
interrompe outro ser iluminado. “Ir para onde”, eu pergunto. Então ele me
leva, com pompas de realeza, até meu banquinho especial, EM FRENTE ao
gargarejo, para eu poder assistir ao meu show bonitinha, sentadinha, ao lado
das minhas novas melhores amigas grávidas, acidentadas e cadeirantes.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foi
lindo. Com direito a troca de olhares com meus ídolos queridos e até mãozinhas
tocadas. Na barriga, meu filhão-parceria mostrava que mamãe também tem direito
de curtir <i>revival </i>adolescente sem
medo de ser feliz. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-KoG34N_z9n8/Uky2QrrEdpI/AAAAAAAAA-s/eC5c4zGcM1E/s1600/aaaaaah.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="217" src="http://3.bp.blogspot.com/-KoG34N_z9n8/Uky2QrrEdpI/AAAAAAAAA-s/eC5c4zGcM1E/s320/aaaaaah.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>*Eu, de camisa xadrez, tietando. Foto: divulgação.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Para Adriele.</i></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-10111261140148795052013-09-05T06:40:00.000-07:002013-09-05T10:31:58.333-07:00O tempo de uma gravidez<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nove meses. Nove meses é o tempo
necessário para gerar um ser humano. Há bebês que nascem um pouco antes e casos
raros de outros preguiçosos que nascem uns diazinhos depois. Mas geralmente é
isso: nove meses. Nove meses de trabalho ardiloso do corpo materno, nove meses
de infinitas e incansáveis multiplicações celulares, nove meses da mais
maravilhosa alquimia corpórea de que somos capazes. Fato. Fato do qual eu
discordo plenamente. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tem
gente que já nasce grávida. Lá pelos cinco anos de idade, nos dias de inverno,
eu deitava todas as minhas bonecas Barbie nas gavetas do meu armário para
aquecê-las entre as roupas dobradas. Já estava grávida, acredito. Grávida de
maternidade. Não digo <i>vocação </i>para
maternidade, digo gravidez mesmo. Minha biologia já me programava para cuidados
futuros e certeiros. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Anos
depois tive uma zique-zira, uma repentina e incontrolável vontade de arrumar a
casa. Doei um terço dos meus apegos materiais e queimei o outro. Comprei uma
lata de tinta e pintei, sozinha, as paredes do quarto. Alguns meses depois eu (achei
que) começava a pensar em ter outro filho. Mas se fosse observada por biólogos
para um programa do Discovery Channel, eles certamente já cantariam a pedra no
meu primeiro dia de arrumação doméstica. <i>“A
fêmea atingiu sua maturidade gestacional e começa a arrumar o ninho. A época de
concepção se aproxima.”</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Outro
dia fui encontrar meu marido num happy hour e levei meus dois filhotes debaixo
do braço. Sentei de frente para uma moça casada e sem filhos, que discursava
muito animada sobre assuntos profissionais. Enquanto isso, meu bebê lançava
olhares e sorrisos para ela, puro charme gratuito. A moça simplesmente não
percebia. Estava absolutamente alheia àquela pequena presença de gostosura
total. “Essa não está grávida”, logo pensei. Já meu marido, com um sorriso indisfarçável na
cabeceira da mesa: grávido. Talvez ainda grávido do próprio filho que admirava.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Existem
também aquelas pessoas que se emocionam com comerciais de fraldas descartáveis,
namoram roupas pequeniníssimas e se derretem com qualquer bebê que cruze o seu
caminho. Gente que estufa a barriga na frente do espelho. Gente que sofre
mensalmente com a menstruação que veio. Ou seja, gente grávida. Em alguns
casos, trata-se de gravidez eterna, aquela que nunca se concretizará em forma
de bebê, só Deus sabe por quê.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mês
passado uma amiga veio me comentar com tom de novidade que estava grávida. Como
se eu não tivesse flagrado, quase um ano antes, os sorrisos dela para o meu
bebê recém-nascido. Como se eu não fosse testemunha da sua luta para emagrecer,
para preparar o primeiro lar daquele novo ser. Outra amiga rodou a baiana e literalmente
fechou as portas do seu bem sucedido negócio. Alegou precisar de mais tempo
para a família e para si mesma. Teste positivo para gravidez, tenho certeza. A
outra passou uma hora explicando como mudar as paredes de lugar caso precise
reformar o seu novo apartamento para acrescentar um cômodo, caso engravide ano
que vem. Mas que bobagem. Ela já está grávida, obviamente!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Porque
nossos passos nunca são despropositados. Porque nosso coração pulsa mais que
sangue a cada batida. Porque nossas revoluções não se limitam ao que o ultra-som
detecta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-P8mF4D_e-nM/UiiJb927pGI/AAAAAAAAA8E/mrfOrP63hPY/s1600/3818.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-P8mF4D_e-nM/UiiJb927pGI/AAAAAAAAA8E/mrfOrP63hPY/s320/3818.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>Para Miriam, Marina e Emanuelle. </i></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-49703461701273569342013-04-30T12:39:00.000-07:002013-04-30T14:09:58.218-07:00Objeto Transicional<br />
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Samuel, ao contrário da
irmã que já nasceu atenta para o mundo, demorou uma semana para
resolver abrir os olhos. Quando finalmente o fez, lançou um olhar de
descaso para as novidades que o cercavam. Frequentemente nos olhava
de cenho franzido, com ar repreendedor, peculiar de um senhor que já
não tem mais paciência com a humanidade ignorante.</div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
Parece ter nascido
pós-graduado em questão de vida. Passou pelas várias etapas do
primeiro ano com proficiência. Aprendeu a mamar sem dificuldades,
tomou as vacinas sem chorar e aceitou as consultas pediátricas com
familiaridade. Passou a dormir do carrinho para o berço sem
estranhamentos e do quarto dos pais para a solidão de seu recanto
com segurança. Pegou hábito pela chupeta com a mesma facilidade com
que o abandonou. Resolveu, porque assim o quis, parar de mamar e
aceitou a mamadeira como se fosse uma velha conhecida. Não
desenvolveu alergias e teve muito gosto em provar todos os sabores
que chegaram ao seu alcance. Na primeira vez que foi tomar um
suquinho de frutas, motamos um arsenal de câmeras e máquinas
fotográficas a sua volta para registrar suas caretas. Mas, que nada.
Virou uma mamadeira inteira sem pausa para recuperar o fôlego e
assim foi com todos os alimentos que o oferecemos. Passamos da
papinha batida para a papinha amassada e, depois, para a papinha em
pedaços sem que ele parecesse perceber. Mesmo de barriga cheia ele
vinha engatinhando até a mesa e, apoiado nos meus joelhos, exigia
participar da ceia de gente grande. No dia em que resolvemos
apresentá-lo ao canudinho, ele instantaneamente tomou um copão de
laranjada enquanto nós, bobos, fazíamos biquinho para ensiná-lo a
sucção. No olhar a mesma expressão de sempre dizia: “até que
enfim”. E assim tive a sensação de estar sempre correndo atrás
do seu desenvolvimento, disparado na minha frente.
</div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
Por essas e outras
cheguei a duvidar que ele se apegaria a qualquer brinquedinho que
fosse. Afinal, tais apegos funcionam como defesas às angústias da
separação materna e Samuel sempre nos pareceu muito confortável
com minhas ausências. Ainda assim, elegi, eu mesma, um macaquinho de
tecido atoalhado para ser seu objeto transicional. Todos os dias
colocava o bichinho no berço ou no carrinho de passeio. Ainda que
ele estivesse dormindo, eu forjava abraços pousando sua mãozinha
sobre o macaco, impondo um estreitamento de laços que jamais
ocorreu.
</div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
De uns meses para cá,
porém, Samuel passou a procurar pelas fraldinhas - lindamente bordadas por mãos sul mato grossenses - espalhadas pela casa para socorrer qualquer
emergência desde o seu nascimento. Quando as alcança abraça-as com
amor e as esfrega no rosto com energia. Quando o sono começa a
chegar já me antecipo oferecendo-lhe o paninho que ele recebe com
expressão de alívio. Ao reconhecer as tramas espaçadas da fralda
amiga, suas pálpebras relaxam sobre os olhinhos cansados. E eu fico
feliz da vida de me saber, enfim, identificada em toques delicados de algodão.</div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-rUk_eweHR9Y/UYAdaff__yI/AAAAAAAAA6c/YBvjxMRQRcw/s1600/DSCF3481.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-rUk_eweHR9Y/UYAdaff__yI/AAAAAAAAA6c/YBvjxMRQRcw/s320/DSCF3481.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-lK1hYS43ecc/UYAdaVA8xZI/AAAAAAAAA6g/5hwHVkLCZZc/s1600/DSCF3483.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-lK1hYS43ecc/UYAdaVA8xZI/AAAAAAAAA6g/5hwHVkLCZZc/s320/DSCF3483.JPG" width="320" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
Para Marta ~<br />
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<!--3--></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-20394197017601457832013-04-12T17:54:00.000-07:002014-02-10T03:46:34.315-08:00Destinatário: Sr. Futuro<span lang=""></span><br />
<span lang=""></span><br />
<div align="JUSTIFY">
<div align="left">
</div>
<span lang="">Minha filha de oito anos, neste primeiro bimestre, estudou os meios de comunicação. A proposta do livro didático era contrastar os meios de antigamente com os da atualidade. </span></div>
<span lang="">
</span>
<div align="JUSTIFY">
<span lang=""><br /></span>
<span lang="">Começando dos mais remotos meios de comunicação, eis que os alunos são apresentados à arcaica carta. Estranho objeto que se constitui de um elemento chamado papel, geralmente escrita - pasmem - de próprio punho, selada e entregue via ser humano. Antiquíssima prática de comunicação onde um "like" requeria certa paciência e alguns centavos, um "share" exigia papel carbono e um "what's on your mind" chegava ao seu interlocutor em tempo suficiente para seu "status" ter mudado pelo menos umas dez vezes.</span></div>
<span lang="">
<div align="JUSTIFY">
<br />
Apesar de manter até hoje essa pré-histórica prática, não me dei ao trabalho de tentar convencer a minha filha de como é gostoso encontrar um envelope colorido no meio da pilha de contas e propagandas que chegam pelo correio todos os dias. Nem de como é interessante observar os diferentes selos das regiões do Brasil e do mundo. Muito menos de como dá para viajar imaginando em quantas e quais mãos aquele envelopinho passou até chegar no seu destino, nossa casa. Não comentei como é bom poder esperar o momento ideal para abrir o envelope e poder ler e reler a mensagem quantas vezes quiser. Não disse como é diferente sentir a emoção na caligrafia das palavras, que mudam de tamanho e forma de acordo com o que se conta. Não, não disse nada disso. Mas mostrei.</div>
<div align="JUSTIFY">
Baú das recordações para fora do maleiro, entrego nas mãos da minha filha um tesouro pessoal: as cartas recebidas pelo meu <a href="http://maesolteirarecemcasada.blogspot.com.br/2010/04/alzheimer.html">avô Hugo</a> durante diferentes momentos da sua vida. Em meio a papéis amarelados, lemos juntas sobre bondes e bailes, amores e saudades. Lemos sobre a tifo, sobre a água de banho que demorava a chegar, sobre os telefonemas que davam mais trabalho para conectar pessoas do que se elas resolvessem ir uma até outra a pé. Dentre as cartas, encontramos uma espcial, assinada pelo firme e igualmente carinhoso "Vovô Juca". </div>
<div align="JUSTIFY">
<br />
Cartinha cuidadosamente envolvida em pasta de plástico, segue saltitante para a escola a tataraneta do Senador Juca, contagiada pela magia do verbo que lhe foi entregue pela genética da memória. A carta é lida em voz alta para os colegas e os conselhos do Vovô Juca, cheios de borrões de tinta, triunfam em plena era digital exatos setenta e três anos após deitarem sob a folha de papel. </div>
<div align="JUSTIFY">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-dnI0bLpm4YI/UWir98Y1EsI/AAAAAAAAA6A/jYGlbuU8n4o/s1600/DSCF3410.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-dnI0bLpm4YI/UWir98Y1EsI/AAAAAAAAA6A/jYGlbuU8n4o/s320/DSCF3410.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-dnI0bLpm4YI/UWir98Y1EsI/AAAAAAAAA6A/jYGlbuU8n4o/s1600/DSCF3410.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><div style="text-align: left;" unselectable="on">
</div>
</a><i><div align="JUSTIFY">
"(...) Estimos que estejas estudando bastante. Assim acharás tudo cada vez mais fácil. Sabendo bem o que se está para trás aprende-se com maior facilidade. E é esse o meio de viver sempre satisfeito e dar alegria aos teus pais. E é esse o meio de viver a ser útil na necessidade, ter fortuna e prestar auxílio a tua família. Quem não trabalha, não ganha. Quem não estuda, não aprende. O livro deve ser o teu melhor amigo. É preciso ser amigo da leitura, ler livros, ler poemas... O tempo em que está lendo é bem applicado. Todos esses homens que fazem figura na advocacia, medicia, etc, é porque estudaram, não perderam tempo". </div>
</i></span>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-26803283835570453282013-02-28T16:06:00.001-08:002013-02-28T17:23:15.155-08:00O primeiro aniversário do Samuel<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um piscar de olhos e pronto, já
havia se passado um ano. Sentei, enfim, diante do computador para selecionar as
fotos para seu primeiro álbum, que desde a saída da maternidade pensava em
montar. Tão absorvida pela vida imediata, não percebi que já acumulava na
bagagem de tão curta vida uma imensidão de memórias. É necessário diminuir os passos e olhar para
trás, contemplar o caminho percorrido para se dar conta do vivido. Vejo, agora,
quanta lembrança estes trezentos e sessenta e cinco rodopios planetários
embalaram em nossas vidas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Você, minha criação tão esboçada,
acabou nascendo lótus em pântano de dor. Fraternamente, dividiu meu luto
consigo em tardes tristes de outono. Aceitou minhas lágrimas com a cumplicidade
de quem já compartilhou o mesmo corpo. Aninhou-se em meu seio como se pedisse
proteção, enquanto, na verdade, alicerçava-me para a vida. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Penetrou minha alma pelos olhares
graves que lançou e dos quais eu ousei não desviar. Olhares desprovidos da curiosidade típica das
crianças, embebidos de uma experiência misteriosa. Olhos do fiel profeta que
transportam a palavra divina. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sua expressão de homem maduro,
quando pousada sobre nós, fez estremecer alguns e enfeitiçar outros. Seu avô diz que se você andasse fardado, lhe
bateriam continência. Traços fortes que
anunciam um grande homem, um super homem. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Diante de sua irmã, porém, a
imponência masculina sucumbiu. Seu rosto emanou uma luz especial, uma doçura
besta como a dos enamorados. Eu, feliz artesã, assisti o fiar deste meu manto
amoroso, cuja tessitura prossegue apesar de mim. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Doze meses abrigaram uma miríade
de riquezas cuja alquimia resultou no maior dos amores. Amor que me resgata da
inércia da vida, que me alinha com os astros celestes, que faz minha
existência romper os limites do meu corpo, que me sintoniza com Deus. Um piscar
de olhos e me tornei assim, mais humana e mais sublime. Mais materna. Mais
feliz. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-QMYn0iM0MI4/US_w6uENzlI/AAAAAAAAA3M/LHdYxIrTsk4/s1600/lind%C3%A3oBLOG.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="http://4.bp.blogspot.com/-QMYn0iM0MI4/US_w6uENzlI/AAAAAAAAA3M/LHdYxIrTsk4/s320/lind%C3%A3oBLOG.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Foto: Gabriela Oliveira</i></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-229681553116031772012-08-02T11:30:00.002-07:002012-08-02T12:29:58.093-07:00Porque sou mãe<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Ser
mãe é padecer no paraíso”, diz a sabedoria popular. Ainda na sala de parto é
possível vivenciar um pouco do céu e do inferno que é a maternidade. Frequente
é o testemunho de mães que, ao segurarem seus filhos pela primeira vez,
sentiram um quase incompreensível misto de alegria e angústia. Alegria, por participar tão intimamente do
milagre da vida. Angústia, por se dar conta do termo de responsabilidade que se
assina ali, com tinta vermelho-sangue. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pele
fina, olhar perdido, queixinho tremido, mãos em miniatura... a primeira visão
do filho é capaz de fazer estremecer a mais dura das mulheres e de tornar
perverso o mais maravilhoso dos mundos. Seu bebê está ali, filhote dependente,
ser de limites. O mundo aguarda do lado de fora, com um sorriso de canto de
boca, mostrando os dentes afiados e debochando da nossa fragilidade. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas a
gente topa o desafio sem titubear. Tornamo-nos vassalas contentes de pequenos
príncipes e princesas e assim seguimos em nossa difícil e maravilhosa missão
até o último dia de nossas vidas, padecendo no paraíso. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pelo
menos assim tem sido desde o nascimento da minha filha, há quase oito anos.
Julguei já ser veterana na arte de ser mãe quando me vi grávida do meu segundo
filho. Eu não só já sabia dos desafios que me aguardavam como os tirava de
letra. Acreditei, inocentemente, que poderia me livrar da angústia e receber
meu bebê com o coração completo de alegria. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Talvez –
ou certamente – por ter vivenciado uma situação de perda trágica um mês antes
de dar a luz, recebi meu filho com um coração alegre, sim, mas também muito, muito
angustiado. Durante a vida fui testemunha
dos cuidados que minha mãe teve com seus filhos e, ainda assim, o destino
ignorou seus trinta anos de dedicação completa e terminou com a vida do meu irmão
em uma fração de segundo. E foi com esse sentimento preso na garganta que eu
segurei meu bebê pela primeira vez. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Justo
quando eu precisava vestir meus trajes de super-mulher, tive a experiência
recente com o dedo na minha cara desnudando minha insignificância. E então eu
chorei. Pelo meu filho. Por mim. Pela humanidade. Mas, como disse uma vez meu
pai, não está são aquele que desiste de ser feliz. E felicidade, para mim, são
meus dois filhos. Portanto aí vai:</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i> Ainda que
o mundo seja cruel, afio minhas garras de fêmea feroz. Ainda que eu não
controle o destino, coloco-me de pé diante das forças da natureza e do acaso.
Ainda que eu seja insignificante em meio ao universo, desafio todos os deuses.
Ainda que eu seja feita de limites, ignoro-os. Ainda que minha própria história
diga-me que sou incapaz, faço ecoar meu grito de guerreira. </i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Porque
hoje estou viva. E porque sou mãe. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-t55V1EdUME8/UBrGY8cf0DI/AAAAAAAAA2U/DwVzG3PZuxQ/s1600/lrs-boulet-sekhmet-r.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="253" src="http://2.bp.blogspot.com/-t55V1EdUME8/UBrGY8cf0DI/AAAAAAAAA2U/DwVzG3PZuxQ/s320/lrs-boulet-sekhmet-r.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;"><i>*Imagem <a href="http://dezmilnomes.wordpress.com/2011/05/13/sekhmet/">daqui</a>.</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;"><i>**Obrigada pela paciência de todas as pessoas nesse período de silêncio e principalmente obrigada pelo incentivo de tantos que não me deixaram parar de escrever. </i></span></div>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-21219518787715894142012-03-03T19:07:00.002-08:002014-02-09T16:05:34.708-08:00Minhas reticências...<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda no velório, algumas pessoas se aproximaram dizendo que eu logo escreveria sobre a trágica morte do meu único irmão. Tais comentários me soavam completamente descabidos, tamanha era a minha convicção de que eu jamais, em hipótese e de maneira alguma, me submeteria a reviver tamanha dor. Poucos dias depois me surpreendi formando frases mentalmente e desfazendo-as em seguida, com medo do que elas pudessem revelar – assim como os sonhos que dão passagem para nosso inconsciente sem censura nem piedade. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Primeiro pensei em escrever sobre a grandeza dessa dor. Procurei metáforas, mas logo percebi que a dor de perder alguém que se ama assim, subitamente e para sempre, é algo inominável. Não acredito sequer que tal sentimento caiba numa palavra tão pequena: D, O, R. Talvez ela seja melhor expressada por uma anti-palavra, ou no máximo por reticências, os três pontos que se abrem para o infinito. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pensei em escrever sobre os pensamentos que antecederam o acidente, os pesadelos que já anunciavam a morte que eu, cega pela vida, não pude enxergar. Mas do que adiantaria redigir um dossiê de prenúncios, depois que o destino já impôs sua vontade e nada posso fazer para mudá-lo?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pensei em escrever sobre os momentos mais intensos já vividos, como o longo minuto que durou a minha entrada pelo corredor daquele hospital, de mãos dadas com meus pais, rumo à pior notícia de nossas vidas. Mas imaginei que essa memória, quem sabe com o tempo, tivesse a sorte de ser esquecida. Assim preferi não registrá-la, deixá-la livre para se perder.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pensei em escrever sobre a difícil tarefa de lidar com o peso da vida e da morte ao mesmo tempo. Se tenho o dom de gerar vida em meu ventre, por que não pude fazer nada diante do corpo, ainda tão lindo, do meu irmão? Envergonhada da minha impotência e minha insignificância, desisti também deste texto.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pensei, então, em escrever sobre Deus e a indignação que se instalou entre nós dois. Escrever sobre a coragem que cresceu em mim, fazendo-me capaz de desafiar Sua vontade como se fosse humano. Vontade de apagar Suas linhas tortas e ordenar que Ele reescrevesse minha história e da minha família sem esse erro terrível que seremos obrigados a carregar conosco até nossos últimos dias. Mas logo me peguei entregue a Ele, de uma forma nova e completa, pedindo Seu colo e afago de bom Pai, porque minhas forças já tinham me exaurido. Brigar com Deus já não faria mais sentido. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pensei em escrever sobre a condição das estradas brasileiras, sobre o sofrimento compartilhado que une pessoas da maneira mais surpreendente possível, sobre a presença enorme que a ausência assume na vida de quem ficou. Ou então sobre a importância da solidariedade dos amigos, sobre minha vontade de carregar meus pais no colo e soprar suas feridas, assim como eles faziam antigamente. Escrever sobre a solidão de ter um sobrenome agora só meu e sobre o pânico de pensar que em breve eu o alcançarei na idade, como sempre brincávamos todos os anos de nossas vidas. Escrever sobre as vezes que peguei o telefone com vontade de ligar para o “departamento responsável”, constatar minha insatisfação e exigir um novo destino, uma outra história. Escrever sobre a fatalidade sorrateira que engana até a ordem da natureza. Escrever sobre tantas coisas que me embriagaram neste último mês. Mas ainda que minha dor – ou minhas reticências – se manifeste de tantas formas, tudo se torna pequeno diante do fato final, que é a morte. Esse mistério maior que cala todos os questionamentos, que nos tira o fôlego e a palavra. Diante das minhas intenções de escrita, vejo que não me resta outra coisa a não ser assumir, humildemente, minha incapacidade de compreender ou sequer relatar esta terrível experiência. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tive a melhor ideia até então, que era a de escrever sobre meu irmão da maneira mais otimista possível. Mesmo porque ele não gostaria, eu bem sei, de homenagens fúnebres e deprimidas. Hugo nem combinaria com um texto assim, da mesma forma que não combina com a morte. Melhor seria escrever sobre a intensidade da sua vida, sobre a forma com que ele conquistou tantas centenas de pessoas que tiveram a sorte de conhecê-lo nos trinta anos de sua breve vida. Escrever sobre como ele foi lindo desde o dia em que nasceu, sobre sua fidelidade e coragem. Mas ainda que eu escolhesse as palavras mais bonitas, as lembranças mais tocantes, ninguém que já não o conhecia teria ideia de quem ele foi. Ninguém o amaria como ele merece ser amado, nem sofreria sua perda como eu sofro. Prefiro, então, conservar meu irmão só para mim, nas lembranças de uma infância que agora não tenho mais com quem compartilhar e que vou guardar sozinha. Tesouro pesado e precioso.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-gyw5kf22xXM/T1LYUtnN3PI/AAAAAAAAA10/sFu2QefjXYA/s1600/cloudskaidi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-gyw5kf22xXM/T1LYUtnN3PI/AAAAAAAAA10/sFu2QefjXYA/s320/cloudskaidi.jpg" height="108" width="320" /></a> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Imagem de Kaidi Kriel</i></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-70788802539386452942011-12-23T13:24:00.000-08:002011-12-23T13:24:23.444-08:00Fantasia e o Tudo Natalino<div style="text-align: justify;">Outro dia revivi um dos meus prazeres de infância assistindo “A História sem fim”, longa dos anos oitenta, cheio de efeitos especialíssimos. Basicamente, o filme fala sobre a decadência de Fantasia, reino fantástico da ficção. O vilão da história é o Nada, representado por uma imensa nuvem negra que vai engolindo tudo o que aparece pela frente, deixando para trás apenas o vazio. O salvador da pátria é um menino em NY que, em história paralela, lê a misteriosa narrativa sobre Fantasia e o Nada. A moral da história é que a Fantasia existirá enquanto acreditarmos nela e a povoarmos com nossas ficções. Lindo e profundo. </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se Fantasia dependesse da minha filha, estaria bem protegida do Nada. Sua imaginação é sem limites, ao ponto de transformar qualquer ação cotidiana em uma surpreendente aventura. Sua cabecinha tem um acervo inesgotável de elementos mágicos que ela insere na realidade quando lhe convém. Em épocas como o Natal, que naturalmente já fornece figuras extraterrenas como o Papai Noel, duendes e renas voadoras, fica tudo ainda mais fantástico. Ou pelo menos deveria ficar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas diante de uma infância inteligentíssima, vejo que a Fantasia Natalina está gravemente ameaçada. O vilão da vez não é mais o Nada, mas o Tudo, com sua vasta estratégia de ataque.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O plano se inicia com o ano novo, apresentando tudo quanto é tipo de lançamento na televisão. Quase doze meses depois, no Natal, é bem provável que a criança já tenha ganhado boa parte de seus objetos de desejo. As ocasiões que o Tudo forja para presentear crianças são diversas: além do clássico aniversário e do dia das crianças, o Tudo abriu frente invadindo no dia das bruxas, dia de vacinação, dia de tristeza aguda, dia de despedida, dia de dente caído, dia de promoção e por aí vai. O presente de natal é só mais um entre tantos outros, varrendo pra bem longe as expectativas da noite de Natal.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O que manteria o espírito natalino pulsante nos coraçõezinhos infantis é a figura do Papai Noel, com sua aparição epifânica na grande noite. Mas o Tudo já se deu conta disso, distribuindo tudo quanto é tipo de Papai Noel cover em cada esquina da cidade. Você verá um exemplar em cada shopping que conseguir entrar. Golpe baixo do Tudo, responsável por problemas do tipo: “Mamãe, ele não mora no Polo Norte?”, “Mamãe, porque ele ficou tão magrinho de ontem pra hoje?”, ou “Mamãe, porque ele está aqui se ele tem que fazer presentes para todas as crianças do mundo?”. Isso se você não morar do lado do shopping e tiver o desprazer de ver o bom velhinho fumando um cigarro entre turnos, o que causaria danos irreparáveis.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Tudo instalou seu exército nas lojas de brinquedo, onde levamos nossos filhos inconsequentemente durante o ano. Lá tem tudo quanto é brinquedo. “Mas mamãe, não é o Papai Noel e os duendes que fazem os presentes?” Já vi mãe ajeitando a saia justa dizendo que o Papai Noel modernizou, tem contatos diretos com as lojas e que agora ele compra em vez de fazer os brinquedos. Isso ainda as poupa de ter que trocar as já facilmente reconhecíveis embalagens das lojas por outras mais artesanais. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Driblar o Tudo diante de uma criançada cada vez mais esperta colocou o espírito natalino em xeque-mate. Bem mais fácil seria combater o Nada. Contra o Nada bastaria contar uma história de Natal antes de dormir ou assar biscoitos para o Papai Noel.</div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-oyKnH7K2vYk/TvTxKEe06gI/AAAAAAAAA1o/OlaNFoBNgEM/s1600/santa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="210" rea="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-oyKnH7K2vYk/TvTxKEe06gI/AAAAAAAAA1o/OlaNFoBNgEM/s320/santa.jpg" width="320" /></a></div><em><span style="font-size: xx-small;">Imagem </span></em><a href="http://claudiomoreira.wordpress.com/2009/11/page/2/"><em><span style="font-size: xx-small;">daqui</span></em></a><em><span style="font-size: xx-small;">.</span></em>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-47366787248956531782011-11-23T16:13:00.000-08:002014-02-09T16:04:30.721-08:00Partida às avessas<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>O que venho relatar são apenas impressões pessoais, pensamentos que vibram na minha pele, agora tão sensível. Antes de compartilhar o que até este momento pertencia só a mim, gostaria de deixar claro que não se trata de nenhum apelo a esta ou aquela religião. Sequer pretendo fazer referência a credos, portanto que fique minha experiência registrada como uma anedota, nada mais. </i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O ano que se esgota começou com a dolorosa partida do meu avô. Homem gigante, de corpo e alma. Só dois pés número 46 poderiam sustentar em equilíbrio tanta beleza de ser humano. Sua morte foi triste, mas sem revoltas. Mais ou menos como é despedir-se da infância, imagino. A gente sabe que é hora, a gente sabe que o que passou ficará para sempre tatuado em nossa existência, e a gente pode até não querer, mas acaba prestando nossas reverências à majestosa mãe natureza. Era a hora dele. Teve uma vida bonita, partiu sem sofrimento. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda que estivesse convencida da precisão do destino, era triste dizer adeus (ou seria a Deus?). Durante o velório as lágrimas caíam ansiosas, conscientes de que eram a última manifestação física daquele amor. Em certo momento, um grupo de pessoas se aproximou para uma oração e eles contaram, com a dose de alegria que convinha para a ocasião, que meu avô estava sendo recebido com grande festa nos céus. Enquanto nós chorávamos por aqui, os do lado de lá comemoravam o fim da longa espera. Aquela imagem me trouxe calma inexplicável. Achei que era melhor encurtar as despedidas para que ele pudesse aproveitar a festa de chegada. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Grávida pela segunda vez, venho sonhando constantemente com meu avô. Inevitável não me lembrar daquele fim que também era começo. E com isso me pego pensando se, enquanto carinhosamente forro as gavetas do armário que será do meu filho, lá nos céus as pessoas estão em luto, chorando suas lágrimas de despedida. Então mentalizo, desejando que meus pensamentos sejam transcendentais, para que todos do lado de lá escutem: Filho, serei sua mãe e desejo muito a sua chegada. Você terá uma irmã e um pai especiais que também já te amam muito. Estamos todos te esperando com alegria e estaremos reunidos quando você vier. Tudo está sendo preparado para que você se adapte por aqui e para que sua trajetória não seja apenas confortável, mas maravilhosa. Não tenha medo. A vida também é boa. E será. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-_tcHb7EqsFQ/Ts2LX13_pdI/AAAAAAAAA1c/CD6JJ0_Ss1s/s1600/hello-goodbye-doormat.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-_tcHb7EqsFQ/Ts2LX13_pdI/AAAAAAAAA1c/CD6JJ0_Ss1s/s1600/hello-goodbye-doormat.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Mais sobre meu avô: <a href="http://maesolteirarecemcasada.blogspot.com/2010/04/alzheimer.html">AQUI </a></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Mais sobre o segundo filho: <a href="http://maesolteirarecemcasada.blogspot.com/2011/10/o-segundo-filho.html">AQUI</a></i></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-54802484739833210842011-11-09T16:59:00.000-08:002011-11-10T07:20:15.629-08:00Sô-lidariedade<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Há quase um ano venho ensaiando um texto e, apesar dos meus esforços, das palavras que procuro encontro apenas alguns rumores. Geralmente tudo o que me toca, de uma forma ou de outra, vira texto. Seja uma postagem apaixonada no blog, uma carta saudosista ou um email de desabafo, toda emoção quase sempre fica registrada.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Dia 23 de dezembro de 2010 passei por uma dessas emoções avassaladoras, daquelas que são grandes demais e necessitam desesperadamente de serem diluídas em versos. A filha da minha grande amiga era diagnosticada com câncer. Sei que, para quem apenas lê estas linhas, a frase já é impactante o suficiente. Nenhuma criança no mundo deveria sofrer, nem por um joelho ralado, que dirá por uma doença tão terrível. Ainda assim, gostaria de insistir que não é qualquer criança, nem qualquer amiga. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nossa amizade nasceu espontaneamente, num cruzar de ruas e de vidas. Nossos laços não parecem ter sido construídos ao longo do tempo, mas, sim, instantaneamente reconhecidos. A semelhança de nossas trajetórias garantiu-nos um bem querer gratuito, como se uma visse na outra um pouco de si. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Obviamente todo o carinho foi transferido aos nossos filhos. Compartilhamos problemas familiares, escolares, brinquedos, comida, festas, febres e conquistas. Como poderia eu, ficar imune àquela notícia horrível? Não era apenas uma criança, era <b>a</b> criança tão querida e tão próxima de mim. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Desde então venho acompanhando a luta da pequena grande guerreira, que sequer desconfia da coragem que tem. Pude quebrar muitos mitos com relação ao câncer, apesar de acreditar que ele continua sendo um bicho de sete cabeças. Sofia vem tirando de letra, com seu amigo do peito e uma mãe-muralha ao lado. Se naquele primeiro momento o texto que arranhava minha garganta era cheio de amargura, depois foi aparecendo outro cheio de orgulho. Orgulho da pequena e da grande. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Volta e meia aparece de novo a vontade de chorar as mágoas, mas que direito eu tenho? Que direito tenho de revelar o meu sofrimento quando ele é inútil e tão pequeno perto do sofrimento da minha amiga? Que direito tenho de dizer que compartilho a dor se não sou eu quem beija aquele rostinho todos os dias? E ainda, de que adiantaria drenar minhas tristezas para um texto quando o que se necessita é de conforto e otimismo?</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Resolvi, por tempo indeterminado, que não escreveria nada e que se dane se tanta emoção guardada me seja insuportável. Mas hoje achei um motivo para vir aqui e contar, mesmo que não contando, a história da minha amiguinha bailarina. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Durante o longo tratamento muitas e muitas transfusões foram necessárias. A cada uma delas sempre vem o afago de um hemograma cheio de números e de duas bochechas rosadas. Mais do que para quem acompanha, é o corpinho dela que, a cada ml de sangue, se sente otimista na luta pela cura. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Contudo, apesar dos maravilhosos recursos do hospital Albert Einstein, em São Paulo, falta sangue. E falta sangue porque faltam doadores. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A consciência dessa falta é que me permitiu escrever essa emoção, a tanto tempo engasgada, porque agora, pela primeira vez, sinto que posso ser útil – pelo menos um pouco. Mesmo que não seja no Einstein, mesmo que não seja em São Paulo... existe alguém que precisa do seu sangue agora, neste instante. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Doar sangue é fácil, é seguro, é rápido e, mais importante que tudo isso, é necessário. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/1ujkX7N2bFg?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><a href="http://www.einstein.br/">www.einstein.br</a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">(doações em nome de Sofia)<br />
<br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><a href="http://www.prosangue.sp.gov.br/">http://www.prosangue.sp.gov.br/</a></div>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-86241555319205912672011-10-21T08:57:00.000-07:002011-10-21T08:57:46.079-07:00O segundo filho<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Muito se fala sobre a inigualável experiência do nascimento do primeiro filho. Quantas vezes eu mesma tentei descrever tal emoção, procurando no infinito palavras que conseguissem transmitir a imensidão que é a descoberta da maternidade. Sim, re-descobrir o mundo como mãe é algo imenso e devastador: como um animal que troca de pele, rompemos nossas concepções, dilaceramos nossos conceitos, estreamos numa existência outra e muito, muito maior. Como disse no início deste texto, trata-se de uma experiência inigualável. Não consigo suspeitar de nenhum possível fato futuro que supere a grandiosidade que é segurar um filho nos braços pela primeira vez. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O segundo filho, nesta perspectiva, já nasce de mãe formada, sem causar muito alvoroço. Talvez por eu mesma ter um irmão mais velho, nasci conformada com o amor compartilhado (e também a atenção, o tempo, a comida e os livros de escola). Depois de aprender a amar e a me dedicar a alguém mais que a mim mesma – e ainda ter conseguido conjugar esse amor e dedicação com um companheiro – acreditei piamente que meu coração estava pronto para receber quantos filhos fossem, sem grandes esforços elásticos. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Tanta confiança me fez esquecer de que amor por filho é sempre doído. Antes mesmo do meu segundo filho deixar de ser ideia, já sentia os músculos do coração doloridos. Como machucava o desejo de ser mãe novamente, como ardia a espera pelo momento certo. E de nada adiantou ser <i style="mso-bidi-font-style: normal;">expert </i>em amor materno... Talvez justamente por sê-lo, as emoções de receber a notícia de um segundo filho explodiram, como um vulcão que há séculos esperava o momento de violentamente entrar em erupção.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu não sabia que seria assim. Deveria haver mais poemas sobre ser mãe de novo. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">(To be continued...)</i></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><i> Para<a href="http://sacodefarinha.blogspot.com/"> Lia Miranda</a>, <a href="http://nywkids.com/">Paula Homor</a> e Mariana. </i><br />
<br />
<i><br />
</i><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-KInQQyn5B3I/TqGTWByFWEI/AAAAAAAAA1U/ymMQlwdAWkE/s1600/explosive.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="247" src="http://1.bp.blogspot.com/-KInQQyn5B3I/TqGTWByFWEI/AAAAAAAAA1U/ymMQlwdAWkE/s320/explosive.jpg" width="320" /></a></div><i><br />
</i></div>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-65803793341112982012011-09-13T16:43:00.000-07:002011-09-13T16:43:46.031-07:00Sete Anos<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:TrackMoves/> <w:TrackFormatting/> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:DoNotPromoteQF/> <w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> <w:SplitPgBreakAndParaMark/> <w:DontVertAlignCellWithSp/> <w:DontBreakConstrainedForcedTables/> <w:DontVertAlignInTxbx/> <w:Word11KerningPairs/> <w:CachedColBalance/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathPr> <m:mathFont m:val="Cambria Math"/> <m:brkBin m:val="before"/> <m:brkBinSub m:val="--"/> <m:smallFrac m:val="off"/> <m:dispDef/> <m:lMargin m:val="0"/> <m:rMargin m:val="0"/> <m:defJc m:val="centerGroup"/> <m:wrapIndent m:val="1440"/> <m:intLim m:val="subSup"/> <m:naryLim m:val="undOvr"/> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As fases vão passando rápido, exatamente como todos nos alertaram. Lembra daquela roupinha enorme que guardamos no fundo da gaveta até que um dia resolvemos experimentá-la <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em nosso bebê e percebemos que ela nem servia mais? Pois é assim que venho me sentindo há alguns anos. Situações que pertenciam a um futuro muito distante invadem meu presente e eu reajo sempre com a mesma pergunta de espanto: MAS JÁ?</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Outro dia ela me surpreendeu dizendo que o quarto dela era “muito infantil” e precisava de algumas mudanças. Mas já? Eu nem tinha acabado de comprar todas as princesas para enfeitar a prateleira e ela já queria guardar as que tinha dentro do armário. Cruel mesmo foi a sugestão de que tirássemos o papel de parede importado das princesas, aquele que eu e seu pai escolhemos com tanto capricho para lhe fazer uma surpresa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De coração partido fui enxergando tudo o que não queria ver. As coroas e asas de fada há muito não saiam da gaveta e ela já estava começando a se irritar com as músicas do Discovery Kids. E eu que ainda queria comprar aquela última fantasia que ela ainda não tinha me vi diante de um universo totalmente desconhecido.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span>Mas já?</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas já que o tempo não perdoa... no seu primeiro dia de férias anunciei: que o passado passe e que o futuro seja bem vindo! Permiti que ela se libertasse da vigilância constante das princesas na parede para que pudesse escolher o que quisesse ser dali pra frente, com ou sem majestade. O que eu imaginava ser doloroso acabou sendo grande diversão. Num autêntico ritual de passagem, rasgamos o papel de parede às gargalhadas, competindo para ver quem tirava o maior pedaço. Ela, já tão grande e esperta, ajudou para que a parede fosse totalmente pintada em um só dia.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao final da tarde ela já tinha seu quarto de mocinha e eu, uma filha lindamente moça. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-eR0SKgE_5vY/Tm_oiwIJogI/AAAAAAAAA1Q/yJpZ1ESeVbw/s1600/paint2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-eR0SKgE_5vY/Tm_oiwIJogI/AAAAAAAAA1Q/yJpZ1ESeVbw/s320/paint2.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-size: x-small;">Queridos e queridas, apesar de parecer, este blog <b>não</b> foi abandonado. Tem sobrado pouco tempo e inspiração para escrever outra coisa que não seja minha dissertação de mestrado, mas garanto que logo voltarei a postar com maior frequência. Beijocas!</span></i></div>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-24979080853779626362011-05-28T08:11:00.000-07:002011-05-28T08:15:38.569-07:00Rumo à Maternidade<m:smallfrac m:val="off"> <m:dispdef> <m:lmargin m:val="0"> <m:rmargin m:val="0"> <m:defjc m:val="centerGroup"> <m:wrapindent m:val="1440"> <m:intlim m:val="subSup"> <m:narylim m:val="undOvr"> </m:narylim></m:intlim> </m:wrapindent> </m:defjc></m:rmargin></m:lmargin></m:dispdef></m:smallfrac><br />
<blockquote style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Amanhã, quando eu conseguir falar com você, minha amiga, você será outra pessoa. Isso significa que além de uma “sobrinha” (dada nossa irmandade de afetos) eu ganharei uma nova amiga. Amanhã, a essa hora, já terão cortado seu ventre e permitido vir à tona um ser humano novinho em folha, explodindo em choro sua vontade de viver. A essa altura, eles – <i>aqueles que você não vê, mas estarão ao seu lado o tempo todo</i> - já terão implantado seu novo par de olhos. Quando as lágrimas cessarem você verá que o mundo de sempre não é mais o mesmo. Olhos de mãe são dotados de sensibilidade desigual. Dói ver muita coisa, mas é dor bonita de sentir, eu garanto. Amanhã, ficarão claros os porquês do mundo, quando você sentir, através das batidas descompassadas do coração, sua vida se elevando à potência máxima. Amanhã o dia será só de <u><b>Alegria</b></u>. Boa viagem, minha amiga. Conversamos do lado de lá.</div></blockquote><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-APfYnV2r7Yw/TeEQBbcfzkI/AAAAAAAAA1M/CS1LkzEN13E/s1600/ci%25C3%25A7a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="236" src="http://3.bp.blogspot.com/-APfYnV2r7Yw/TeEQBbcfzkI/AAAAAAAAA1M/CS1LkzEN13E/s320/ci%25C3%25A7a.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><i> Imagem: Ciça e Letícia por Nina Fiuza. =)</i></span></div>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-6702107923720268008.post-81754135901924444612011-05-04T12:18:00.000-07:002011-05-04T12:39:44.926-07:00S.O.S imaginação<m:smallfrac m:val="off"> <m:dispdef> <m:lmargin m:val="0"> <m:rmargin m:val="0"> <m:defjc m:val="centerGroup"> <m:wrapindent m:val="1440"> <m:intlim m:val="subSup"> <m:narylim m:val="undOvr"> </m:narylim></m:intlim> </m:wrapindent> </m:defjc></m:rmargin></m:lmargin></m:dispdef></m:smallfrac><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">Justo você, tão inteligente, chegou em casa triste porque não era boa aluna. Os elogios da professora ficaram com o aluno obediente, que de tanto obedecer não teve tempo para questionar nem inventar nadica de nada. Na hora da lição de casa, completou a atividade com esnobe facilidade. Teve tempo de sobra pra enfeitar a folha de exercício com letras customizadas e desenhos inusitados. De repente lembrou-se do elogio que não ganhou e imediatamente colocou a borracha semi-nova em ação. Sobrou na folha só aquilo que o enunciado pedia. </div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">Nesse mesmo dia eis que surge na internet um concurso estimulando a criatividade infantil. A chamada para inscrição estacionou na minha tela de computador como uma ambulância escandalosa que veio socorrer minha pequena inventora, cuja criatividade encontrava-se gravemente abalada.</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">Espalho os lápis e canetinhas na mesa e a coloco diante do universo infinito que oferece uma folha de papel em branco. Crie, minha filha. Não há limites para sua imaginação.</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">Inscrevo seu desenho no concurso e saio em busca de votos. Cada vez que a luz dos seus olhinhos se apagava eu me empenhava com mais garra na campanha. Mãe alucinada e inconveniente. Pois bem, filhotinha. Conseguimos. O ratinho colorido que nasceu dos seus traços é tão lindo que agora vai parar nos quatro cantos do mundo. </div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">E eu nem ligo se isso é chamado de mimo ou superproteção. Aqui em casa, no nosso universo, chamemos isso de amor. E não se esqueça do que a mamãe sempre diz: as pessoas mais importantes do mundo são as inventoras. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-5dq05DZ3XXI/TcGkCsI1LCI/AAAAAAAAA1I/ltU6r4t2vc8/s1600/about+to+fly.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://1.bp.blogspot.com/-5dq05DZ3XXI/TcGkCsI1LCI/AAAAAAAAA1I/ltU6r4t2vc8/s320/about+to+fly.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: x-small;"> *Foto: Larissa Anzoategui</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i>Gostaria de agradecer de todo coração a todos vocês que participaram da campanha e ajudaram a colocar o ratinho da minha pequena na coleção da <a href="http://contest.stellamccartneykids.com/littleproject/home.php">Stella McCartney</a>! Quando fiz a inscrição no concurso há pouco mais de um mês eu não poderia imaginar que isso iria tomar a proporção que tomou. A campanha rodou o mundo, trouxe pra perto amigos que tinham se perdido no tempo, trouxe novos amigos. Mas o que mais me comoveu foi ver o empenho absolutamente gratuito de pessoas que eu sequer conheço e que vibraram com a vitória como se Rainbow Mouse fosse o time de futebol do coração em final de copa do mundo. Eu, romântica de carteirinha, fico emocionada de ver essa vibração tão doce que partiu da minha princesa (a "Prin") se alastrar tão rapidamente por este mundo. Além de super orgulhosa, hoje sinto um otimismo enorme de que gente solidária consegue coisas inimagináveis. Que a internet continue unindo pessoas em prol de coisas muito maiores do que este concurso. </i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i>What goes around, comes around. </i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i>Love, Love, Love.... </i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i>Nina Fiuza</i></div><div class="MsoNormal"><br />
</div>Marinahttp://www.blogger.com/profile/00418504304768620147noreply@blogger.com19