quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ciranda para minha bonequinha



Mandei ladrilhar essa rua tão comprida
Com pedrinhas de brilhante só pra você poder passar.
E pedi que as pedrinhas iluminassem seu caminho
Sem o brilho-brilho da minha estrelinha ofuscar.

Limpei a tinta preta da cara do boi
O bicho-papão espantei para as suas noites não perturbar.
E se eles de dia aparecerem
O caçador estará à pronta a te guardar.

Nem lobo mau nem bruxa malvada
Nem nada que te possa magoar
Existirá nessa sua ciranda
Que muitas voltas há de dar.

Bonequinha quando nasceu
Pôs a mão no meu coração
Vou fazer com que sua vida
Seja sempre essa canção.


ilustração: Adolie Day

Minha boneca completa sua quinta primavera. Por ela sinto tudo o que as palavras não conseguem dizer.

5 comentários:

  1. Que coisa mais linda!!!
    Mais linda!

    Foi vc Nina,quem fez?
    Ohhh que meigo. Parabéns a sua pequena, tudo de bom que houver nessa vida. Mts flores e borboletas pelo caminho dela.

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  2. Ah esse amor.
    Um amor que não cabe em si, que não existem realmentes palavras para dimensionar, nem mesmo a palavra amor é suficiente.

    Tb sou completamente apaixonada pela minha filha Júlia.

    Parabéns pra sua princesinha pela 5a primavera dela. E que venham mais!!!=]

    Bjinhos

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  3. Este é meu blogger

    www.hitallapsy.blogspot.com

    Bjs

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  4. Me apaixonei pelo seu blog.
    Vou linkar lá no meu, tá?
    Bjaum! =*

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  5. Não resisti e fui ler a pasta TRATO. E não retoco:

    Seria inevitável associar essa Ciranda da Bonequinha ao poema Valsa para uma Menininha do Vinícius e Toquinho. A mesma simplicidade na construção do poema, como se suas palavras falassem direto ao coração de uma bonequinha. Mas aquela simplicidade de expressão que muitas vezes foge à compreensão de um adulto e que é altamente significativo na percepção infantil.
    A referência às famosas músicas da infância, as chamadas canções de ninar, é deliciosa. Começando com "Se essa rua fosse minha". Na canção popular, a sugestão é de que a rua foi ladrilhada para um amor passar. E uma bonequinha não deixa de ser um amor. O maior de todos. E aí já não bastaria ladrilhar, as pedrinhas devem também iluminar um caminho. Percebo então um carater de proteção, de cuidado, ficando claro que o texto se refere a um amor materno, ou maternal, que perpassa todo texto.
    Engraçado como as canções de ninar imprimem um certo medo coercitivo às crianças. Elas têm que se manter na cama pq ou um "boi da cara preta" ou o "bicho papão" que mora debaixo da cama pode pegá-las. Sair de casa nem pensar! Lá fora tem sempre um "lobo-mau" à espreita ou uma "bruxa malvada" que come criancinhas... Essa inversão que vc faz no seu poema é MUITO legal! E parece aproximar o eu-lírico do interlocutor. É como se quem fala no poema ainda mantivesse em si o medo por essas assombrações infantis, entendendo e dando um respaldo para a bonequinha de que ela está protegida desses "monstros", compartilhando com ela o medo e dividindo a linguagem, falando ao entendimento de uma criança.
    E acabo me lembrando também da Ciranda da Bailarina, do Chico e Edu Lobo. A Bailarina também está protegida de tudo o que possa fazê-la sofrer, pq à ela nenhum mal atinge.
    E o final do texto é o ápice do protecionismo maternal, quando é declarado "Vou fazer com que sua vida / Seja sempre essa canção". Delicioso imaginar que podemos proteger um filho por toda a vida e perpetuar isso numa canção, ou num poema, pq ao tornar palavra o que a vida faz e desfaz no real, já é uma forma de reafirmar um amor incondicional que causa um instinto de proteção quase que irracional.
    LINDO, LINDO, LINDO!

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