sexta-feira, 17 de abril de 2009

Bendito regime de cada segunda

Oi amigas!
Tudo bem com vocês? Comigo está tudo maravilhosamente ótimo! Antes de dizer porque, tenho que contar algumas coisas que antecederam este meu momento de alegria.

Logo no primeiro dia de casada eu fui para a cozinha determinada a fazer algo realmente delicioso. Não aquelas misturas que eu fazia antes, de arroz com requeijão e ketchup no microondas (que eram deliciosas, mas não era o tipo de coisa que se oferece aos outros, muito menos a um marido maravilhoso). Queria fazer comida de verdade, com temperos e tudo mais. Para a minha surpresa, eu não queimei nada. Nada explodiu. Nada quebrou. E não só não tivemos dor de barriga como adoramos o meu prato. (Para quem ficou curioso, era um suflê de legumes com almôndegas de soja ao molho madeira! Ok... o molho madeira era enlatado, mas o suflê foi inteiramente mérito meu). E maior surpresa ainda foi ver que meus dotes culinários mantiveram-se benignos durante a semana toda, e a seguinte, e também nas outras que vieram. Acredito que estava economizando o meu talento durante toda a minha vida e de repente o deixei aflorar.

Isso tudo me deixou muito orgulhosa. Até cogitei montar um álbum com as fotos das minhas criações. Cadastrei-me no www.tudogostoso.com.br, onde sou integrante assídua.

O que eu não percebi, graças aos olhos cegos de amor do meu marido (e também pela ausência de espelhos com mais de 50 cm em minha casa), foi que estava ganhando também alguns kilinhos. “Alguns” que se tornaram “um monte” quando resolvi entrar em uma farmácia e subir em uma balança. QUATRO KILOS EM UM MÊS! Quando vi os ponteiros da balança pararem no SETENTA E DOIS minha pressão caiu. A vista ficou preta, voltou. Então desci e subi de novo, mas ainda eram tristes 72 kilos.

Depois de se pesar 90 kilos durante uma gravidez e tomar venenos para voltar ao meu peso normal, jurei para todos os santos que só chegaria aos 70 em uma segunda gravidez. E de repente, sem mais nem menos (talvez um pouco de “mais” do que de “menos”), estava eu lá, nos 72.

E DOIS!

Foi então que minha querida mãe, muito piedosa, deu-me de presente um mês de Vigilantes do Peso, aquele programa internacional de reeducação alimentar em que a gente freqüenta reuniões e segue um cardápio e fica neurótica contando quantos pontos equivale cada gota de água que ingerimos.

A reunião era numa quinta-feira. Entrei timidamente na sala de uma escola onde tinha dezenas de gordas queimando calorias através da fala excessiva. Senti que muitas me olharam com desprezo, talvez me achando magra demais para estar ali as humilhando. Mas eu me sentia a mais gorda de todas, e eu juro pra vocês que nunca tive nenhum talento para anorexa. Eu estava gorda de verdade! Minhas roupas não serviam, a parte interna das minhas coxas já estavam empelotadas e meus calcanhares já ficando revoltados de ter que agüentar tanto peso. Na ocasião eu estava usando uma camiseta Hering XG do meu marido, que é no mínimo 20 centímetros mais alto que eu.

A reunião foi como eu esperava... uma salva de palmas para as pessoas que emagreceram e aquele discurso de que você pode ter o controle da situação.
Cheguei em casa um tanto desanimada... afinal, ninguém me passou nenhuma fórmula mágica, nem receitou algum veneno. Agora era comigo e isso significava um esforço enorme da minha parte, talvez maior do que pudesse oferecer.

O fim de semana chegou e fomos passear na Liberdade. Pensei que não haveria problemas... comida oriental é cheio de bambu, cenoura... nada muito calórico. O perigo foi estar acompanhada do meu marido (adoro repetir isso, “meu marido”) que tem o poder de ler o meu estômago. Sabe quando você está com uma leve fominha, abre a geladeira procurando alguma coisa que valha a pena... mas não consegue adivinhar o que é? Nessas horas ele chega e fala: que tal isso e isso com aquilo? No mesmo instante suas glândulas salivares entram em atividade e o estômago diz todo satisfeito: rrrrrrrroooooooooaaaaaaaaarrrrrrrr!

A sugestão do dia foi frango empanado ao molho de suco de laranja com açúcar e gergelim. Mmmm... maravilhoso! Ainda mais porque a porção não era individual como havíamos imaginado. O prato durou até o domingo. Já deixei até o garfo junto do isopor para poder dar uma garfada toda vez que abrisse a geladeira, gelado mesmo. Como o meu franguinho ao molho de laranja não constava no cardápio do Vigilantes, resolvi deixar para começar o programa no dia oficial do regime, segunda-feira. Aproveitei para me despedir das outras coisas que eu amo, como o Moca com chantili do Starbucks e o Top Sundae do McDonald’s (com aquela farofinha de paçoca por cima que esfolia o céu da boca).

A segunda chegou e entrei em desespero. Eu tinha apenas 3 dias completos para emagrecer alguma coisa, ou então passaria a maior vergonha do mundo na segunda reunião do Vigilantes. Receberia uma vaia das minhas colegas gordinhas, seria horrível.

Fui ao supermercado e comprei tudo o que era preciso: pão integral, queijo cottage, leite desnatado, alpiste, grama, vento enlatado... Depois fui ao sacolão e voltei a pé com as mãos gangrenadas pelo tanto de sacola que amontoava nos punhos prendendo toda a minha circulação.

Nos três dias que se passaram segui estritamente todo o cardápio. Fiz o sopão de legumes, tomei todos os copos de água... Aliás, tomei o triplo de água indicado para ver se com a barriga cheia (de água) eu conseguia enganar meu cérebro e minha vontade de mais comida. Contei todos os pontos corretamente, sem me enganar de que uma xícara é a mesma coisa que um copo grande, e quase morri de culpa quando comi 3 M&M da minha filha. Um amarelo e dois verdes. Até meu marido, coitado, entrou na brincadeira. Ia ser impossível comer um prato a la mata atlântica enquanto ele comia uma lasanha ou coisa assim. Acordei durantes as noites com o barulho do meu estômago mas fui forte.

Então chegou quinta-feira, hoje. Acordei apreensiva. Tomei menos água, que é pra não fazer muito peso na hora da balança. Fui roendo as unhas (sem engolir as lascas, é claro. Quantos pontos será que tem uma ponta de unha?) e não pude esconder minha tensão quando cheguei na reunião. Já fui logo me justificando. “Sabe, é que eu só pude começar o regime na segunda... e eu não tenho feito atividades físicas...”

Ah! Esqueci de contar dos abdominais que fiz na sala enquanto minha filha olhava pra mim com desprezo pensando que a mãe havia enlouquecido.

Mas bem, estava eu lá na balança, tentando esvaziar meus pulmões ou fazer levitar meu cabelo para diminuir os gramas... quando percebo um sorriso da minha orientadora. “Parabéns”, ela disse. Ainda aterrorizada pensei que suas próximas palavras seriam algo como “300 gramas é um ótimo começo. O importante é emagrecer aos poucos...bla bla bla”. Foi então que ela disse: “Sessenta e nove e oitocentos!”. Não era possível!!! DOIS KILOS E DUZENTOS GRAMAS EM TRÊS DIAS E MEIO! Isso era praticamente uma mágica (lógico que nessa hora eu me esqueci de toda a fome que passei). Então andei até a minha cadeira, ou melhor, flutuei até a minha cadeira e sentei para assistir a palestra com um sorriso arreganhado no rosto. Dessa vez bati palmas com entusiasmo para as minhas colegas e voltei para casa cheia de vontade. Vontade de viajar, de arrumar um emprego, de abraçar meu marido, de comprar roupas novas, de cantar, de fazer uma escova, de dar risadas.

Comigo está tudo maravilhosamente ótimo!

2 comentários:

  1. Prima querida,
    desde que recebi por e-mail a notícia do seu blog (que foi essa semana mesmo, porque vc estava com meu e-mail errado...) já me tornei uma seguidora inveterada. Só ainda não coloquei minha foto ali no quadro de seguidores por falta de capacidade tecnológica (eu não sei, hihihi), mas eu sou seguidora, tá? Ainda esse ano reservarei um fim de semana, de preferência feriado, pra aprender a mexer naquilo... Da primeira vez que vi o site, já era 1:30 da manha, depois de um dia cheio de estudos e trabalho, eu li superficialmente os 3 textos e imediatamente mandei o endereço para minhas contatas, pois seu blog contém informações imperdíveis!
    A partir desse dia, todos os dias eu olho pra ver se tem história nova e quando não tem, eu releio todas de novo (Porque eu sou que nem a menina que roubava livros, sabe? A mesma coisa, 27 milhões de vezes...)! Ai, prima, por favor! Não me faca esperar! Prometo ajudar ativamente na publicação do seu livro! Beijos de sua fã-prima!

    assinatura: Paulinha Ximenes

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  2. Olá Nina !

    A-do-rei esse post ! Rir é muito bom, não é ? Sobretudo quando a gente sabe do que se está falando !

    Parabéns pelo blog.

    Vou adorar voltar todos os dias e ler o que escreve !

    Lin@.

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