Vivi a primeira semana de maternidade anestesiada pela emoção de ser mãe. Não me lembro das dores do parto, que a essa altura já nem sei mais se de fato existiram. Os dias eram marcados não mais pelo ir e vir do sol, mas pelas mamadas e choros que logo se dispuseram em rotina. Foi quando no segundo sábado depois do nascimento da minha filha acordei com o já esperado choro da madrugada. Mas ué? Não é sábado? Então me dei conta de que tinha assumido uma tarefa sem fim, a qual eu cumpriria pela vida toda, sem recessos.
O tempo, amigo camarada, apresentou-me o costume que me deixou assim, acostumada. Parei de fazer as contas das quantas repetidas vezes trocava fraldas, entendi que tudo bem se não recebesse um muito obrigado depois de levantar no meio de uma noite de inverno para fazer uma mamadeira. Aliás, descobri o significado das palavras incondicional e altruísmo. E de tanto que o tempo, o costume e eu andávamos juntos, ficou até estranho pensar na vida antes da maternidade. O que será que eu fazia com tanta liberdade?
Quase seis anos depois resolvemos me dar férias. Dez dias para eu fazer seja lá o que for que eu fazia antes de ter um filho. Vai ser bom, concordamos sem que eu entendesse o porquê daquele nó na minha garganta. Vejo minha pequena no taxi indo embora com a vó, as duas felizes da vida. Meu sorriso agüenta só até a esquina. A dor é tão grande que vira lágrima, penetra os músculos, rompe os nervos.
Todos os livros que eu leria, os trabalhos que adiantaria, os cinemas que assistiria, as caminhadas que faria, todos os planos se transformam em um par de olhos mirando o teto e um grande vazio na existência. Concluo que devo ter sido muito infeliz até ser mãe.
E o danado do tempo aparece de repente e agora me traz a novidade. Alegre novidade que se acomoda nos buracos vazios que cavou a falta. Tomamos, eu e Ele, uma dose cavalar de romance e conseguimos, depois de um impensável esforço, aproveitar plenamente nossas férias. E como foi bom... Trouxemos na mala um punhado de ânimo e uma coleção de saudades transformadas em presentes.
E assim vou percebendo, mais uma vez, que tudo tem seu tempo e seu preço.
Lindo Ma. Muito lindo.
ResponderExcluirMinha filha está com quase 3 anos e sabe que ainda não pensei em tirar férias da rotina de mãe..Não que não precis3e, mas exatamente por esse nó que vc fala. Nossa, como dói. beijos p vc. Lindo post.
Fe
nandapiovezani.blogspot.com
Ei Nina, saudade de ler teus textos.Esse aqui me emocionou ( novidade!). Os assuntos da maternidade cada vez permeiam mais as minhas pautas. Vejo uma grávida já quero bater papo, perguntar.
ResponderExcluirComo ainda não tenho filhos, pensei na minha relação com minha mãe. Nunca tivemos férias separadas, ela sempre viajava pra ver a mãe dela que morava no interior e eu sempre ia junto. Só depois, quando eu já tinha uns 15 ou 16 anos ela começou a fazer viagens sem mim, mas sempre ficava aquele vazio na casa, era horrível. Mas a gente dá conta né? Imagino que pra quem é mãe deve ser ainda mais difícil.
beijos nocê!!!
Apesar de tudo, dizem que faz um bem danado.
ResponderExcluirQue quando a cria volta, se está com a disposição a mil.
Eu não sei como é, nunca tirei férias, mas você bem que podia voltar para contar depois se o saldo foi positivo ou não, né?
Beijos!
Nina,
ResponderExcluirApesar de dolorido, vale a pena !!!! Eh muito bom ter uma ferias de adulto de vez enquando.
Que bom que aproveitaram
bjs
Ai, e que preço. Eu tô aqui me debulhando em lágrimas enquanto minha filha, do colo do pai, me puxa a blusa. Foi meu último dia com ela antes de ela ir pra creche. É uma dor enorme mesmo, que só a gente entende.
ResponderExcluirNina, é a primeira vez que comento mas te sigo e te leio sempre.
ResponderExcluirComo dói a separação. Estou tentando me preparar para deixar meus meninos na escolinha daqui um mês...
Bjs
Que texto lindo!
ResponderExcluirÉ assim mesmo, Nina. Apesar da saudade, é bom que você via essa experiência, pra você ir entendendo que cada uma tem um espaço, e que é preciso se desapegar. É sofrido no começo, mas necessário. E a volta é a melhor parte, né! Eu adoro! bjo
ResponderExcluirPaloma e Isa
Marina vc tem a arte de expressar bem o q nós mães sentimos em lindas palavras!
ResponderExcluirbjo grande
Jennifer e Dudu.
Nina,
ResponderExcluirestou chorando até agora com o presente que você deixou lá no blog.
beijos querida!
Oi Marina,
ResponderExcluiradoro a forma que você escreve.
É importante passarmos por esa experiência, né?
A saudade é grande mas o efeito na família e em nos é muito bom.
Estou com um soretio de dois livros lá no blog e acho que você pode se interessar em participar. Se puder, dê um pulinho lá. Está na postagem de 02 de Agosto.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/
Ainda não tive coragem...
ResponderExcluirImagino o que é "faltar um pedaço de si"
Mas o bom foi ver que no fim tudo deu certo :)
Lindo texto!
Beijos!
Oi Marina,
ResponderExcluirvi que você se inscreveu no sorteio.
BOa sorte e uma ótima semana.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/
Fiquei com os olhos rasos d agua !!!!!
ResponderExcluirNesse momento, esotu a 5 dias longe da minha pequena e sõ eu sei o qto isso me custa !!!
Bj
Olá Marina,
ResponderExcluircheguei por aqui pelo blog da Lia e estu com os olhos cheios d'água.
Lindo texto.
também sofri muito nas primeiras férias sem o Isaac, mas hoje vejo que vale a pena termos tempinho só pra nós.
estou te seguindo e linkando, ok?
bjocas
Olá! Encontrei vc na net e gostaria de te apresentar meu trabalho: www.datrinodesign.blogspot.com
ResponderExcluirFicarei muito feliz com a sua visitinha!!!
Bjinhos,
Vanessa Datrino
ô que lindura!
ResponderExcluirto começando a sofrer por antecipação. ahahahha!
Marina adorei o do "confiar no rosa"
ResponderExcluirKkkkk
Beijos!
Oi Marina!
ResponderExcluirDei uma fuçada no seu blog (lindo!) por recomendação da minha irmã! Tb não sei como ela chegou aqui... O que sei é que estou cercada de lágrimas e me escondendo pra não acordar bebê e etc. Li seus primeiros posts e me emocionei. Vc desperta uma identificação muito grande em nós...posso ver pelos comentários! E descreve docemente aquilo que só conseguimos sentir em se tratando dos filhos.Como as vezes em que acabamos "aproveitando" pra sentir o cheiro da pele, dos cabelos deles.
A gte vai lendo e dá uma vontade danada de conversar a respeito, quase solto um "É assim mesmo, acontece comigo" (aqui sozinha no quarto!) lendo um dos seus posts!
Parabéns!!! Que continue inspirada!E eu vou continuar acompanhando!
Abraço
Tati
Oi Marina!
ResponderExcluirEstava com saudades de suas visitas, e fiquei feliz ao ver seu comentários. Agora estou aguardando as fotos da festinha da pequena, aposto que vai ser uma doçura, pois vai ser feita com todo esse amor.
Sobre o post, parece uma leitura de tudo que senti quando fui viajar, apesar de planejarmos e também de merecermos, ficamos sentindo esse vazio enorme, mas no fim conseguimos aproveitar bastante, mas no meu caso a saudade foi tamanha que se revertaram em malas cheias, aliás malas compradas por lá, apenas para os dois, quando chegamos ao aeroporto meu marido caiu em si e me deu um presentinho pois não havia comprado nada para mim...oba \o/...pode me chamar de louca..kkk
Flor, vou ficar esperando as fotinhos na maior ansiedade e também suas visitinhas.
Beijocas
Como você escreve bonito Nina! Me emocionou de novo! Nunca tirei férias da minha Nina, mas, juro, tem dias que eu acho que queria...só uns três dias...
ResponderExcluirBeijo, querida!
Dani
Oi Marina,
ResponderExcluiro lápis é legal mesmo. Deu até para deixar uns recadinhos para o maridão.
beijos
Me diverti com o brinquedo das crianças.
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/
Que lindo. Mil vezes lindo. Me emocionei. Que relato em forma de poesia. Clap, clap, clap. Palmas pra você. Eu que ainda carrego no ventre meu baby-sementinha já entendo um pouco de tudo o que escreveu.
ResponderExcluirum beijo!
Marina,
ResponderExcluirVc eh mesmo f.... minha amiga.
Vai escrever bem assim sei la aonde...to aqui com lagrimas nos olhos...fico morrendo de vontade de republicar seus textos...posso colocar esse? com os devidos creditos obviamente...
bjos
Muito lindo o seu texto, Marina. Condiz perfeitamente com a fala mansa de mineira, o jeito de menina e a sensibilidade que salta aos olhos... Continue escrevendo, sempre. Beijocas mil!
ResponderExcluirNossa... voce tirou todas as palavras que eu queria colocar para fora quando meu bebe de 7 meses entrou num aviao com a avó e só voltou 20 dias depois... mas vou ser sincera... nao aproveitei NADA das minhas férias forçadas...
ResponderExcluiradorei seu coment nno meu blog!
Bjs!
Olá Mariana,
ResponderExcluirCheguei aqui através do NY with Kids. Me senti exatamente assim nas minhas primeiras férias sem filhos. Amei o post!!! Bjsss
Excelente post Marina! Meu bb está com 2anos e meio, e esse ano ensaiei uma semana longe, mas na última hora compramos a passagem dele também.. rs Não consigo mais me imaginar longe dele.. também me questiono, onde é que gastava meu tempo antes dele nascer mesmo?!!? bjo grande!
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