sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pieguices Verdadeiras

Na manhã do nosso casamento, quando foi me dada a oportunidade de discursar, só consegui dizer “obrigada”. A emoção havia ocupado o espaço das palavras. Espero que não se importe pelo quase um ano e meio de atraso, mas gostaria de terminar o que comecei naquela ocasião.

Obrigada por ter me escolhido 
quando tinha todas as mulheres do mundo para escolher.

Obrigada por ter visto minha beleza, 
sem dar importância para as marcas da minha história.

Obrigada por abrir seu coração livre de preconceitos. 
Obrigada por ser tão naturalmente pai.

Obrigada por compartilhar sua família comigo. 
Obrigada por ser você minha família.

Obrigada por me mostrar um futuro tão bonito. 
Obrigada por querer fazer parte dele.

Obrigada por compreender minha maternidade. 
Obrigada por admirá-la.

Obrigada pelas mãos dadas. 
Obrigada pelo cuidado. 
Obrigada pelo carinho.




A partir deste mês estarei quinzenalmente na MUNDO MUNDANO com textos do “Mãe-Solteira Recém-Casada” e outros inéditos. Este é um dos primeiros frutos que o blog me rendeu, portanto nada mais justo que compartilhar a novidade com vocês que me sustentaram até aqui. Acessem a revista e divulguem se acharem que vale a pena.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Meu Amor Eterno


Acordei chorando. Mal sabia eu que horas mais tarde daquele mesmo dia todos os meus valores mudariam e  o que me causava lágrimas deixaria de ter importância. 
Uma experiência até então oculta me deixava receber as contrações com calma e naturalidade. Experiência herdada de todas as mulheres da história. Animal consciente da sempre condição feminina, nada me assustava nem estranhava. A malinha aguardava carinhosa e pacientemente no canto do quarto, os telefones da médica grudados na geladeira, as pessoas que importavam pré-avisadas. Agora era só esperar a natureza seguir o seu curso.
Voltei a deitar na minha cama, a mesma que velou meus sonhos adolescentes. Tentei dormir meu último sono solteiro,  já saudosa de um passado cuja última página eu estava acabando de escrever.
Minha mãe dirigiu para o hospital. Íamos tranqüilas e felizes naquela noite de domingo, no ato de maior cumplicidade que já dividimos até hoje. Chegando lá, despedi com abraços apertados de todas as pessoas que foram me ver embarcar nesta jornada sem volta que é a maternidade.
Sozinha no vestiário, despi-me por completo e entendi toda a existência humana nas curvas do meu corpo grávido refletido no espelho. Senti a primeira pontada de medo por fazer parte de tudo isso que é a humanidade. Foi então que O vi, como o bom Pai que é, apontar o dedo para mim e dizer que não adiantava fazer pirraça. Nós iríamos passar por aquela experiência com ou sem choro. Ele, mais do que eu, sabia que eu estava pronta. E Ele esteve de mãos dadas comigo, o tempo todo.
Na sala de parto todos os medos foram embora. Minha mãe observava o ciclo da vida se formando da cabeceira do meu leito. Os médicos conversavam animados. A atmosfera estava repleta de otimismo.
Quando ouvi o choro do meu bebê, ainda longe dos meus olhos, toda a atividade do meu corpo saiu de seu prumo. A totalidade do meu ser extasiado gritava sua maravilhosa existência, de ventre aberto para o universo.
 Achei, de fato, que estivesse morrendo. Morrendo de alegria. Minha filha.


* Feliz dia das mães (porque hoje também é dia das mães, como ontem e amanhã). Nina Fiuza