sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O segundo filho

Muito se fala sobre a inigualável experiência do nascimento do primeiro filho. Quantas vezes eu mesma tentei descrever tal emoção, procurando no infinito palavras que conseguissem transmitir a imensidão que é a descoberta da maternidade. Sim, re-descobrir o mundo como mãe é algo imenso e devastador: como um animal que troca de pele, rompemos nossas concepções, dilaceramos nossos conceitos, estreamos numa existência outra e muito, muito maior.  Como disse no início deste texto, trata-se de uma experiência inigualável. Não consigo suspeitar de nenhum possível fato futuro que supere a grandiosidade que é segurar um filho nos braços pela primeira vez. 

O segundo filho, nesta perspectiva, já nasce de mãe formada, sem causar muito alvoroço. Talvez por eu mesma ter um irmão mais velho, nasci conformada com o amor compartilhado (e também a atenção, o tempo, a comida e os livros de escola). Depois de aprender a amar e a me dedicar a alguém mais que a mim mesma – e ainda ter conseguido conjugar esse amor e dedicação com um companheiro – acreditei piamente que meu coração estava pronto para receber quantos filhos fossem, sem grandes esforços elásticos.
               
Tanta confiança me fez esquecer de que amor por filho é sempre doído. Antes mesmo do meu segundo filho deixar de ser ideia, já sentia os músculos do coração doloridos. Como machucava o desejo de ser mãe novamente, como ardia a espera pelo momento certo. E de nada adiantou ser expert em amor materno... Talvez justamente por sê-lo, as emoções de receber a notícia de um segundo filho explodiram, como um vulcão que há séculos esperava o momento de violentamente entrar em erupção.

Eu não sabia que seria assim. Deveria haver mais poemas sobre ser mãe de novo.


(To be continued...)


 Para Lia Miranda, Paula Homor e Mariana.