“Ser
mãe é padecer no paraíso”, diz a sabedoria popular. Ainda na sala de parto é
possível vivenciar um pouco do céu e do inferno que é a maternidade. Frequente
é o testemunho de mães que, ao segurarem seus filhos pela primeira vez,
sentiram um quase incompreensível misto de alegria e angústia. Alegria, por participar tão intimamente do
milagre da vida. Angústia, por se dar conta do termo de responsabilidade que se
assina ali, com tinta vermelho-sangue.
Pele
fina, olhar perdido, queixinho tremido, mãos em miniatura... a primeira visão
do filho é capaz de fazer estremecer a mais dura das mulheres e de tornar
perverso o mais maravilhoso dos mundos. Seu bebê está ali, filhote dependente,
ser de limites. O mundo aguarda do lado de fora, com um sorriso de canto de
boca, mostrando os dentes afiados e debochando da nossa fragilidade.
Mas a
gente topa o desafio sem titubear. Tornamo-nos vassalas contentes de pequenos
príncipes e princesas e assim seguimos em nossa difícil e maravilhosa missão
até o último dia de nossas vidas, padecendo no paraíso.
Pelo
menos assim tem sido desde o nascimento da minha filha, há quase oito anos.
Julguei já ser veterana na arte de ser mãe quando me vi grávida do meu segundo
filho. Eu não só já sabia dos desafios que me aguardavam como os tirava de
letra. Acreditei, inocentemente, que poderia me livrar da angústia e receber
meu bebê com o coração completo de alegria.
Talvez –
ou certamente – por ter vivenciado uma situação de perda trágica um mês antes
de dar a luz, recebi meu filho com um coração alegre, sim, mas também muito, muito
angustiado. Durante a vida fui testemunha
dos cuidados que minha mãe teve com seus filhos e, ainda assim, o destino
ignorou seus trinta anos de dedicação completa e terminou com a vida do meu irmão
em uma fração de segundo. E foi com esse sentimento preso na garganta que eu
segurei meu bebê pela primeira vez.
Justo
quando eu precisava vestir meus trajes de super-mulher, tive a experiência
recente com o dedo na minha cara desnudando minha insignificância. E então eu
chorei. Pelo meu filho. Por mim. Pela humanidade. Mas, como disse uma vez meu
pai, não está são aquele que desiste de ser feliz. E felicidade, para mim, são
meus dois filhos. Portanto aí vai:
Ainda que
o mundo seja cruel, afio minhas garras de fêmea feroz. Ainda que eu não
controle o destino, coloco-me de pé diante das forças da natureza e do acaso.
Ainda que eu seja insignificante em meio ao universo, desafio todos os deuses.
Ainda que eu seja feita de limites, ignoro-os. Ainda que minha própria história
diga-me que sou incapaz, faço ecoar meu grito de guerreira.
Porque
hoje estou viva. E porque sou mãe.
*Imagem daqui.
**Obrigada pela paciência de todas as pessoas nesse período de silêncio e principalmente obrigada pelo incentivo de tantos que não me deixaram parar de escrever.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAmei o texto que foi feito especialmente pra mim e o do salto alto pro jantar, bem mais magra... amo ler seus textos e sou sua fã de carteirinha, você sabe disso. Mas esse foi, sem dúvida, O MELHOR. Amei o texto, o tema, as palavras usadas... me tocou muito profundamente porque falou tudo o que toda mãe sente! Tava com saudade! Que bom que voltou! Agora pode escrever pelo menos uns cinco por dia, pra gente devorar!!! Parabéns! Toda a sorte, felicidade e sucesso desse mundo pra você! Te amo muito!
ResponderExcluirCecilia mãe da Leloca
P.S. Postei como anônimo porque não sabia outro caminho hehe... beijinhos
PERFEITO esse texto,
ResponderExcluirtive q compartilhar o link com MUITAS amigas!!!
obrigada!
bj
da Li
Ah! Que lindeza... Impossível não tocar o coração de qualquer mãe. Impossível não sentir que no tempo de silêncio vc gerou também palavras. Impossível não amar tudo o que vc escreve.
ResponderExcluirSeja bem vida de volta, amiga!
Marina querida, você voltou a escrever aqui!!! Que boa surpresa e que texto de volta, hein? Lindo! Você, com esse seu jeitinho doce e mineiro, é tão especial! Não imagina o quanto! Saiba que, embora eu também tenha desaparecido um pouquinho por conta dos meus próprios lutos, pensar em você, na sua história e na sua luta sempre me alentaram. Saudades, amiga!
ResponderExcluirNina, que saudades!! Parabéns, parabéns!! Espero que todos estejam bem e transbordando de amor.
ResponderExcluirBeijo grande.
Marina
ResponderExcluirTudo bem?
Sou da assessoria de imprensa de Pom Pom e gostaria de lhe convidar para um evento que a marca promoverá na próxima semana, dia 21 de agosto. Pode me passar o seu e-mail para que envie o convite? Ficaríamos muito honrados com a sua presença. Meu e-mail é aline.boniolo@grupomaquina.com
obrigada
abs
Aline
Que post bonito de se ver Marina!
ResponderExcluirVocê detalhou perfeitamente o que todas as mães sentem ao ver seus babies ao nascer!
Parabéns!
Aline da Babycub
Marina, não deixe de postar!! Poste sempre, com a maior frequencia que for possível! Amo ler seus textos, a forma como coloca suas palavras é maravilhosa! Beijos e nos contemple mais com estas palavras..
ResponderExcluirainda estou gravida de 4 meses e meio e sinto coisas maravilhosas.. imagina só quando nascer!!
ResponderExcluirhttp://maedeprimeiraviagemcomblog.blogspot.com.br/
beijinhos já estou participando da sua pagina bjs