terça-feira, 11 de agosto de 2009

Gafes Domésticas II : A Panela de Pressão


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Já havia se passado dois meses desde o casamento e a caixa da panela de pressão continuava intocada. Só foi depois de constatar que os níveis de ferro no sangue da minha família estavam baixíssimos que eu resolvi enfrentar a fera e fazer feijão.

Power. Login. Senha. Firefox. Google. Receitas de feijão.

Nenhum mistério. Agora só faltava pegar a caixa no fundo da prateleira mais alta do armário, abri-la, ler as instruções e mãos à obra. Eu disse manual de instruções? Pois bem, a panela não vem com manual de instruções. Essa empresa deveria ser processada por colocar tantos lares em risco. É como comprar uma arma de fogo sem instruções, ou será que essa é mais uma daquelas coisas que a gente deveria nascer sabendo?

Telefone. 031... Mami não atende.
035... Telefone fora do gancho na vovó.
031... Sogra. Finalmente alguém atendeu. Ela, horrorizada pela minha coragem, disse nunca ter lidado com uma panela de pressão. Desejou-me boa sorte e desapareceu da minha casa com um fone no gancho.

Oh meu Deus... e agora? Brasileira, continuei:
031... BINGO! Acabei ligando para a mãe de uma amiga que por sorte já era faixa preta em questão de panela de pressão. Passou-me as instruções que eu repeti várias vezes para não esquecer: água até o preguinho, borrachinha no lugar, fechar bem fechadinho e pronto.

Realmente não tinha grandes mistérios. Tirando, é claro, a parte de colocar a tampa dentro da panela, que me custou uns quinze minutos e alguns palavrões. Depois de muita luta para tentar fazer a tampa entrar num buraco menor que ela, puft, ela entrou sem que eu fizesse força. Parecia até piada e deu quase para ouvir a panela rindo da minha cara.

Superado o obstáculo da tampa, senti-me confiante e pronta para o desafio. Segui as instruções (preguinho-borrachinha-fechadinho) com muita calma e assim que eu liguei o fogo, para meu alívio, nada aconteceu.

E nada continuou acontecendo pelos próximos minutos. Foi então que o terror começou. Eu parecia ter um trem a vapor dentro da cozinha. A panela tremia e soltava fumaça, rancorosa e pronta para explodir em cima de quem quer que cruzasse seu caminho.

Minha vontade era de deixá-la em paz e nunca mais entrar na cozinha até que o gás acabasse ou coisa parecida. Mas de acordo com o www.tudogostoso.com.br, já era hora de desligar o fogo e eu simplesmente teria que ser forte e equilibrada o suficiente para resolver este assunto.

Só por precaução, levei minha filha para o quarto dela e liguei um desenho para segurá-la por lá. Olhei para ela, tão linda, e senti meu queixo tremer. Dei um beijo ligeiro na cabeça dela e aproveitei para sentir o cheiro do seu cabelo. Sai antes que ela percebesse que uma tragédia estava preste a acontecer.

Abri o escritório do meu marido, vi todas as suas coisas e senti um amor profundo por ele.

No caminho de volta, peguei o almofadão da sala, respirei fundo e entrei na cozinha com meu escudo fofo em direção ao fogão. Agora era a hora.

Minha testa suava e meu corpo tremia de adrenalina, acompanhando o tremor da panela que estava ainda mais escandalosa, bufando de raiva. A essa altura o pobre feijão lá dentro já devia ter se dissolvido inteiro. Prendi a respiração, estiquei minha mão e depois, em câmera lenta, meus dedos (encapados com luva de borracha). Apertei meus olhos consciente de que qualquer mosca que passasse por ali seria o suficiente para a panela perder sua paciência. Em fração de segundos eu não só tinha desligado o fogo como já estava do lado de fora da cozinha, jogada no chão do corredor, escondida atrás do almofadão.

Num gesto de quem quer fazer a pazes, a panela foi baixando o tom, parando de rebolar, aquietando, até soltar um último suspiro baixinho e dormir.

Eu mal podia acreditar. Eu tinha vencido a batalha! Eu era a rainha da cozinha e as panelas eram todas minhas súditas.

Corri para os braços da minha filha, ainda assistindo desenho e a enchi de beijos. Saí pulando pela casa me sentindo mais poderosa do que nunca.

Naquele dia almoçamos caldo de feijão.
Desde então os níveis de ferro da família permanecem espetaculares.



12 comentários:

  1. Nina, tô me segurando aqui pra não cair no chão de tanto rir!!! Tá muito perfeito e hilário!

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  2. Ai amiga... nós todos aqui em casa MORREMOS de rir! Minha mãe AMOU ser chamada de faixa preta! hahahaha
    ADOREI!

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  3. Ahahah, já ri tanto que tu nao acedita, Nina, que coisa menina, ahahaha, faixa preta em panela de pressão foi ótimo e a que saiu de fininho dizendo que tu era mt corajosa, ahh nao, que sacanagem!

    Olha, eu vou te contar que morro de pavor dessas panelas, eu uso, de vez em qd e é claro, nunca aconteceu nada, mas eu ainda guardo um pavor terrível por elas.. vc nao está sozinha, querida Nininha.. ahh como eu amo nossos nomes :)

    sim, vim pegar o selo :) é esse francesinho aqui do lado??
    Confesso que nao sou mt fã, mas vou levar com mt gosto, tá? Obrigada por lembrar de mim, ahh e sobre os desenhos, vou adorar ver como vc os faz... faz isso mesmo, é tão gostoso desenhar, né??!

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  4. Também tive que rir muito...
    Muito 10...
    Vou passar aqui sempre...adoro essa histórias...
    Bjos....

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  5. Oi Ninaaaaaa,

    Adorei teu comentário no blog. Obrigada pela visita. Tô bem preguiçosa esses tempos e nunca mais escrevi nadinha. Mas sempre acompanho os blogs dos amigos, porém com a mesma preguiça de comentá-los.

    Ah, as penelas de pressão... realmente elas assutam. Eu passei a vida vendo minhas tias cozinharem; achava incrível o domínio que elas tinham sobre esse instrumento genioso, explosivo. E quando ganhei a minha própria panela duvidei de que a usaria. Mas como sou viciada em feijão com arroz, adorooooo, tive que usar e na verdade aprender a usar. A minha tb num veio com manual de instrução. Mas sabe que nos demos muito bem(eu a panela)? e o meu feijão fica delícia.
    Seu texto é ótimo. Vou voltar sempre. To te linkando.

    Bjo-bjo

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  6. Quando estávamos em Itacaré quem cozinhava o feijão era a Bela. Ainda bem que tínhamos uma vizinha entendida de cozinha, e que emprestava a panela de pressão dela. A Bela só demorou um pouco para encontrar o melhor nível da água... deu umas "queimadinhas" no feijão...vivendo e aprendendo né!

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  7. aaaaaaaaaaha
    gente, que comédia isso! Mas sabe, panelas de pressão dão medo mesmo... já passei por coisa parecida quando mamãe me pediu pra desligar a panela fumegante pra ela. Felizmente não aconteceu nenhuma tragédia... mas uma vez uma panela já explodiu com a mamãe e não foi nada feliz ver a cozinha toda suja de feijão. ha
    E pelo jeito você já se acertou com o selo, né? ;)
    Beijos, prima!

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  8. Ahhh entao tá NinaMarinaRosa :) Linda coincidência não?
    Li agorinha seu comentário sobre seu pai, pois é Nina, eles tem somente outra maneira de nos amar, é diferente do que a gente espera ou pensa ou é, mas é o jeitinho deles, eles nem entendem que estão distantes.

    Quem tem que se aproximar de pai, é o filho ou filha, porque eles nao sabem mt bem como chegar, se criaram de outra maneira, eu fui descobrir isso meio tarde, como vc leu naquele post enorme mas mais que especial pra mim, aliás, hoje fazem exatamente 4 anos de minha descoberta e de sua partida :(
    Gracas a Deus ainda tive tempo de demonstrar meu amor por ele...

    Se vc Nininha, tem seu pai ainda do seu lado, nao espere que ele venha até vc, va'vc até ele, nao é tao dificil, vc vai ver, e ele eu sei, vai adorar, do jeitinho dele,mas vai sim
    :)
    Um beijo no coracao!

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  9. Ai, Nina... como eu ri, viu?!
    Nem posso, pq nunca fiz um feijão ou qquer outra coisa! Mas já apanhei pra fechar a tal panela e realmente é um saco!
    Fiquei imaginando vc estatelada no chão do corredor, tentando se proteger da explosão da panela, huahuha
    Beijo gande!

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  10. rsrsrsrsrs...
    adoreiiiiiiiiiiiiii esse texto!
    chorei de rir!!!!

    hj meu dia foi conhecer blogs... e o seu está um espetáculo!
    virei fã!

    bjs
    da Li

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  11. kkkkkk ai que engraçado...A panela de pressão é uma lenda urbana mesmo....Ouvi poucos casos de acidente, mas, é melhor previnir, né...Eu fico vigiando ela o tempo inteiro, e só abro depois de algumas horas para ter certeza que não vai explodir =D Passo pelos mesmos apuros com a tampa, é o uó, viu =D Bjão

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  12. Sempre achei que essas panelas deveriam ser extintas! Quando é que vão criar um método mais seguro pra cozinhar feijão? kkkkkk
    bjs

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